quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Florzinha: a Cosminha das Matas.

"Flor" nasceu na tribo dos Guajiras no final do século XVII, na península que hoje recebe esse nome, na atual Venezuela.
Ela adorava correr atrás de borboletas e colher flores na mata, enquanto seus pais trabalhavam na pesca, no pastoreio e na agricultura.
Flor era uma menina alegre, que gostava de presentear a todos com flores coloridas, para deixá-los felizes.
Então, alguns lhe chamavam "Asii Jintulu" em sua língua nativa, que significa "Menina Flor" ou "Florzinha".
Florzinha ou Menina Flor, viveu somente até os oito anos... Em uma de suas correrias atrás de flores e borboletas, a menina caiu e se machucou nos espinhos de um cipó venenoso.
As feridas infeccionaram e a menina adoeceu... Seus pais não conseguiram curá-la com os recursos da época.
Antes de morrer, a menina disse a todos: "Não se preocupem, eu estou bem. Para onde eu vou têm muitas flores!" E ela se foi, para a tristeza de todos.
Pouco tempo depois, no local onde ela foi enterrada cresceram muitas margaridas, de várias cores. Margarida é a flor mais abundante da região.
Quando alguém estava triste, sentia-se o perfume de flores no ar... E todos diziam: "Asii Jintulu", "Asii Jintulu"... Era a Menina Florzinha alegrando a todos novamente!

Tiãozinho: o pequeno cavaleiro!

Sebastião nasceu na fazenda Boa Esperança, em Minas Gerais, no final do século XVIII. Seus pais eram crioulos que já nasceram escravos.
Tiãozinho, como era conhecido, desde cedo ajudava na lida com o gado e com os cavalos. Era um serviço que ele tinha prazer em realizar.
Tião só não gostava de ver os maus tratos, então, sempre que podia evitava expor os animais ao sofrimento. Se ele era castigado por conta disso, não se importava, contanto que pudesse livrar os animais das chibatadas.
Tião estava com dez anos quando uma remessa de cavalos puro sangue chegou à fazenda. Um dos cavalos estava arredio e não aceitava a aproximação de ninguém. O adestrador espancava o animal, mas de nada adiantava.
Quanto mais ele batia, mais o animal se rebelava. Tião sentia a dor do animal. Então, enquanto todos dormiam, reuniu os cavalos e saiu em fuga com eles. O capataz ao ouvir o tropel dos cavalos, reuniu os jagunços e saiu em perseguição.
Pensaram tratar-se de roubo e saíram atirando nos fujões. Atiraram contra Tião e atingiram-no em cheio nas costas. Ele ainda conseguiu abrir a porteira para que os cavalos fugissem, mas morreu ali mesmo.
Seus pais nem puderam lamentar o ocorrido, pois foram castigados por conta dele e vendidos para outra fazenda.
Com o passar dos anos, sempre que um animal era maltratado na fazenda, alguém ouvia um assovio e o animal saía em disparada, pulando cercas e sumindo no meio das matas.
Então, a lenda cresceu e diziam que um menino negro montado em um cavalo atiçava os animais para que eles fugissem. E muitos diziam: "É o Tiãozinho!"

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Inauê: uma Erê Encantada.

Muitos Erês possuem suas histórias de vida para compartilhar, assim como qualquer Entidade.
Eles permanecem com a aparência de um Erê (Espírito Infantil) porque todos morreram na infância, em mais de uma vida.
Infelizmente, a grande parte desses Erês (Ibejis) tiveram mortes trágicas, devido a ganância do homem, na sua ânsia por conquistas.
Alguns Erês "encantaram-se" como muitas Entidades conhecidas na Umbanda e em outras Nações.
Um Encantado é um ser que se transfigurou e transmutou sua energia. Ele cumpriu sua missão de vida e mudou de plano.
Essa é a história de uma Cosminha Encantada. Ela trabalha sob as ordens de todas as Mamães.
Inauê é uma junção de dois nomes: Iná e Uê. Iná quer dizer: Mãe Pura. Uê é uma saudação do Povo Indígena.
Inauê viveu sua última vida terrena no século XVII, em meio aos índios da Tribo dos Karib, os Caraíbas. Atualmente, a sua etnia está extinta.
Na época em que Inauê vivia com seu povo, os Espanhóis estavam colonizando a América Central.
A sua Tribo ainda se mantinha preservada devido a localização das ilhas em que habitavam.
Inauê tinha uma vida normal, como qualquer indiazinha dentro de uma ilha cercada de todo os tipos de água.
Sua terra possuía uma natureza exuberante e muita água! Água do mar, água dos rios, água dos lagos e açudes.
Com tanta água, era natural que Inauê vivesse dentro da água a maior parte do tempo!
Como todo povo indígena, os Karibs também tinham suas histórias que viraram lendas.
Para os Karibs, quando uma pessoa desaparecia é porque ela havia sido transportada para o céu.
Inauê gostava dessas histórias e ficava olhando pro céu em noite estrelada, imaginando que cada estrela era um "Ser" muito especial!
Um dia, Inauê também desapareceu... Seus pais perceberam que a menina entrou na água e não voltou mais.
Então, procuraram por dias e não conseguiram encontrá-la... Com o tempo, perceberam que ela não voltaria mais.
Se passaram muitas luas e o povo se conformou com o desaparecimento da menina.
No entanto, um dia, alguns índios avistaram Inauê sentada nas pedras na beira d'água.
Eles perceberam que Inauê estava diferente... Ela havia se tornado um "Ser das Águas"!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Pedrinho e Zezinho: dois Cosminhos e uma história.

Pedro e José, nasceram em Niterói, Rio de Janeiro, em 1898. Eles possuíam alguns meses de diferença de idade e José era o mais velho. Eram filhos de pais imigrantes que estavam ajudando a construir o Rio de Janeiro da época.
Os pais moravam na mesma vila e os meninos cresceram juntos, unidos como irmãos. Enquanto os pais trabalhavam no cais do porto, no embarque e desembarque de mercadorias, Pedro e José passavam o dia empinando pipa, jogando bolinha de gude e brincando com barquinhos no canal.
As mães faziam pães e bolos para vender e podiam trabalhar sossegadas, pois os meninos eram de boa índole e jamais se metiam em confusão.
Todos os dias, na hora do almoço, os meninos iam ao cais levar o almoço para os pais. Era o ano de 1908 e eles estavam com dez anos.
Em uma das visitas ao cais, Pedrinho e Zezinho se distraíram observando as embarcações e não perceberam um acidente em andamento.
Um contêiner carregado de carga explosiva despencou e explodiu, arrasando o quarteirão ao seu redor. Os meninos estavam próximos e foram atingidos pela explosão...
Eles não resistiram aos ferimentos e morreram no mesmo local. As famílias sentiram muito a perda dos amigos, pois eles alegravam a comunidade onde moravam.
No mesmo ano em que os meninos morreram, a Umbanda iniciava sua história na mesma região. Assim, como muitos espíritos, que antes não podiam se apresentar em Centros Espíritas para trabalhar, as crianças puderam se manifestar nos terreiros e alegrar a todos os presentes.
Segundo o Kardecismo, um espírito readquire sua aparência de adulto após o desencarne. A Umbanda respeita a individualidade de cada espírito, que procura manter a aparência que melhor lhe cabe após o desencarne.
As crianças da Umbanda são espíritos puros que mantêm sua aparência infantil para alegrar e atender os socorridos.

Toninho e Tininha: os irmãozinhos travessos!

Toninho nasceu no dia 13 de junho de 1873, em Vicenza, no norte da Itália e, por isso, foi chamado Antônio. Sua irmã Catarina, nasceu um e meio depois, em 25 de novembro, no dia de Santa Catarina de Alexandria e, por isso, foi chamada Catarina.
Os pais dos dois trabalhavam como agricultores e também cultivavam flores e frutos da estação. Como eram católicos fervorosos, sempre presenteavam flores e frutos à Igreja, nas festas comemorativas. Os produtos eram vendidos nas feiras da região. Os dois irmãos eram muito unidos e desde cedo gostavam de ajudar os pais, pois assim podiam ver as pessoas na feira e passear.
A situação econômica de toda a Itália começou a se  deteriorar nessa época e o norte foi a primeira área a ser atingida. A industrialização foi implantada, deixando os agricultores sem renda e sem mercado para colocar seus produtos.
Por causa disso, do norte da Itália saíram as famílias rumo ao sul do Brasil, para recomeçar a vida em terra nova. Foi assim, que as famílias de Vicenza chegaram no Rio Grande do Sul. Toninho e Tininha, estavam com 9 e 7 anos na época e nunca haviam viajado... Eles estavam adorando vivenciar tudo aquilo!
Quando chegaram em solo brasileiro, seus pais imediatamente conseguiram emprego em fazendas próximas de Porto Alegre e se estabeleceram. O clima era parecido e haviam pessoas conhecidas por perto, então, a família "Vicenzo" não se sentiu só.
A região gaúcha onde a fazenda estava instalada era banhada por muitos rios, córregos e cachoeiras; possuía uma vinícola e muitas plantações diversas. Toninho e Tininha se divertiam muito passeando pelas plantações e brincando na cachoeira.
Um dia porém, durante um passeio a cavalo, uma cobra cruzou o caminho deles. O cavalo assustou-se e saiu em disparada, derrubando as duas crianças. Anoiteceu e as crianças não voltavam e os pais preocuparam-se. Todos os trabalhadores da fazenda ajudaram na busca, pois começou a chover fortemente.
Quando conseguiram encontrar as crianças, o dia já estava amanhecendo e os dois ardiam em febre. Eles haviam caído do cavalo e se ferido gravemente. O fazendeiro usou todos os seus recursos para auxiliar a família. Um médico veio da capital, mas de nada adiantou. Os dois faleceram dois dias depois de pneumonia.
O pais ficaram inconsoláveis de tristeza. Então, numa noite eles sonharam com as crianças que diziam: "Mamãe, papai, não se preocupem, estamos bem e vamos ajudar a proteger outras crianças. E vocês não ficarão sozinhos, logo terão outros filhos."
Quando os dois acordaram, constataram que tiveram o mesmo sonho. Um ano depois, a mãe deu à luz gêmeos e por causa de um sonho que teve, deu o nome às crianças de "Cosme e Damião".

domingo, 23 de setembro de 2012

Cosminho Théo

Para contar a história de Théo vamos relatar, primeiramente, o significado de seu nome. Théo é um nome de origem grega, que significa "Deus" (Theus).
Esse nome representa: amor, fé, esperança, dom, dádiva, benção, misericórdia, etc.  Portanto, Théo é um Cosminho que atua na vibração de Oxalá.
Como já disse Zélio de Morais, a Umbanda possui três pilares principais que a sustentam: Os Caboclos, os Pretos-velhos e os Erês (ou Ibejis).
Cada um dos pilares pode "vibrar", ou seja, atuar dentro de cada uma das Sete Linhas da Umbanda.
As Sete Linhas representam as sete principais características, ou qualidades individuais, que todo ser carrega consigo para evoluir...
Eles estão interligados aos sete dons do Espírito Santo, pois emanam os propósitos divinos da Criação.
A história de Théo pode ser narrada em poucas palavras. Basta dizer que ele morreu no século II, durante uma perseguição do Exército Romano aos Cristãos Convertidos.
Sua mãe era uma Princesa de uma das Tribos da Judeia. Quando o seu Reino foi atacado, todos foram mortos: degolados, decapitados, enforcados ou trespassados.
Théo morreu abraçado a sua mãe, trespassado pela espada de um Capitão da Guarda.
Em suas manifestações ele assume a aparência dessa vida em especial, para representar a dor de todas as crianças mortas em nome da fé.

sábado, 22 de setembro de 2012

Aninha: a Cosminha da Paz!

As Aninhas são Erês que trabalham para apaziguar os ambientes onde atuam. Por isso, toda Aninha pode ser chamada de "Cosminha da Paz"!
Além de proteger, elas promovem o equilíbrio emocional e a tranquilidade. Por isso, a pessoa que trabalha com uma "Aninha" não consegue brigar por qualquer coisa... Porque a energia de cura desta Cosminha envolve e acalma a situação.
A Aninha que narra essa historinha, nasceu no estado do Maranhão de pai mulato e mãe indígena, no final do século XIX.
Seu pai trabalhava no mangue, encontrando caranguejos e ela adorava acompanhá-lo! Sua mãe era tecelã e Aninha também sabia tecer juntamente com sua mãe.
Aos oito anos era uma menina alegre e meiga, que compartilhava com os outros tudo o que possuía.
Um dia, ao sair de casa para acompanhar seu pai, sentiu-se mal, mas não se queixou...
Passou o dia no mangue com seu pai, sem reclamar... Porém, quando voltou para casa, estava febril e começou a ter convulsões.
Os recursos médicos eram escassos na época, principalmente para pessoas pobres, e seus pais não conseguiram encontrar auxílio.
Aninha faleceu pela madrugada, sem que seus pais soubessem o que lhe acometeu.
Na verdade, Aninha morreu em decorrência de meningite, uma doença que ainda não era controlada no começo do século XX.
Hoje, além de trabalhar na Umbanda protegendo crianças doentes, Aninha acompanha crianças que se sentem solitárias, passando-lhes uma energia de conforto espiritual em situações adversas.
Salve todas as Aninhas: do Brejo, das Almas, do Açude, do Mangue, da Cachoeira, das Matas, das Pedreiras e tantas outras...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Joãozinho: o serelepe da Umbanda!

Joãozinho é um menino que viveu mais de uma encarnação como garoto negro no Brasil das Senzalas. Muitas vezes, ele parece o Negrinho do Pastoreio, em outras, ele é o próprio Saci Pererê!
Ele é esperto, cheio de lábia, tem resposta pra tudo e não pensa duas vezes para perguntar alguma coisa. Como todo bom Cosminho, ele gosta de doces, refrigerante e brincadeiras, mas está sempre pronto para atender e socorrer a quem necessita...
Ele jamais deixa alguém sem resposta a um pedido. E se ele falar alguma coisa de forma séria, pode esperar que a coisa é mesmo séria! Pois ele brinca, mas não engana!
O Joãozinho dessa história, nasceu no estado do Ceará de mãe Africana. Ele chegou no ventre de sua mãe em um navio negreiro, no ano de 1670.
Demorou para entender o que era ser escravo e vivia "aprontando das suas": escondendo objetos, correndo pela fazenda e cutucando os bichos.
Apanhava muito por conta disso, mas não deixava de rir e de fazer das suas. Dizia que assim, ele podia alegrar os outros escravos!
E realmente, era assim que ele passava os dias: alegrando e brincando com os demais.
Um dia, porém, em uma de suas traquinagens, ele escondeu o laço do capataz e foi o suficiente para ir pro tronco.
Todos os negros pediram por ele, pois falaram que ele não fazia por maldade; mas não adiantou... Joãozinho anoiteceu e amanheceu no tronco. Ele tinha 6 anos na época.
Quando tiraram ele do tronco estava triste e nunca mais sorriu. A partir daí começou a definhar e a morrer aos poucos.
Quando ele desencarnou foi um luto só na fazenda! Até os animais sentiram... A terra secou, os bichos se aquietaram e ninguém mais sorriu.
O dono da fazenda pediu ao capataz o que aconteceu e, quando soube, arrependeu-se... Mas, Joãozinho não voltaria mais. Sua mãe de tristeza também se deixou morrer.
Tempos depois, os escravos começaram a contar que viam mãe e filho a andar pelas terras... E sempre que alguma coisa sumia, alguém dizia: "Foi o Joãozinho!"
Então, eles colocavam um doce para o menino e o objeto reaparecia. E assim Joãozinho ficou conhecido como o Pererezinho da Senzala!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Iberê: o curumim da Umbanda.

Iberê nasceu no alto do Rio Araguaia, na Tribo dos Tapirapé. Ele era um indiozinho alegre e destemido, sempre correndo de um lado a outro.
Sua aldeia estava sempre em pé de guerra com seus vizinhos da Tribo Karajá. O Cacique, pai de Iberê, tentava apaziguar a situação, mas eles eram constantemente atacados e saqueados.
Quando Iberê contava com 6 anos de idade, sua Tribo sofreu um ataque surpresa dos Karajá. Os homens se empenharam no combate... Mas, as mulheres e as crianças foram sequestrados.
Iberê foi levado com sua mãe para a Tribo do inimigo e obrigado a conviver com eles. A intenção deles era a de expandir sua tribo e fortalecer a sua raça.
No entanto, Iberê não aceitou sua nova situação. Por isso, ele combinou com outros indiozinhos uma fuga para retornar à sua aldeia. Ele pretendia buscar ajuda, mas foi surpreendido em seu intento.
Mesmo assim, ele conseguiu fugir dos seus captores e se embrenhou na Mata Atlântica. Iberê tentou por dias localizar sua aldeia... Mas, depois de muito procurar, percebeu que andava em círculos. Então, decidiu voltar onde estava...
Ele chegou cambaleante e doente de volta à tribo de seus raptores. O chefe dos Karajá reconheceu que o menino era um índio forte e merecia ser bem tratado.
O pajé procurou salvá-lo, mas a doença tomou conta de seu corpo infantil. Em poucos dias Iberê morreu, deixando sua mãe e seus amigos tristes.
Seu nome nunca mais foi esquecido, pois diziam: "Morreu um pequeno grande guerreiro!"
Os Tapirapé reconstruíram suas aldeias em outras localizações. Uma parte da tribo rumou para a Ilha do Bananal e a outra para a Serra do Urubu Branco. Alguns, ainda, foram em direção à Mata Amazônica e se misturaram às outras tribos.
Os Karajá miscigenaram sua raça com as mulheres e as crianças Tapirapé. Inclusive, os Kayapó invadiram as aldeias dos Tapirapé.
Enfim, uma das maiores raças indígenas do solo brasileiro, sofreu muitas perdas após vários ataques, reduzindo drasticamente a sua população.
Mesmo com tantos acontecimentos, a história de Iberê permaneceu e se espalhou... O povo indígena falava de um menino que morreu, porque tentou salvar sua tribo.

domingo, 16 de setembro de 2012

Caboclinha do Vento...

 A Encantada do Ar!

Eu demorei muito para entender o nome dessa entidade, pois sempre que recebo as histórias me concentro, ouço calmamente, faço um rascunho e depois passo a limpo. Normalmente os nomes já são de entidades bastante cultuadas e conhecidas. No caso dessa caboclinha, eu primeiro vi sua imagem e fiquei "encantado" com sua beleza; depois ouvi sua história... A Caboclinha do Ar ou Caboclinha do Vento ou Encantada do Ar, como também é conhecida, encantou-se após morrer, ou seja, seu corpo se transfigurou... Hoje ela vive no Ar, na Luz Astral ou no Mundo Espiritual, auxiliando a todos que necessitam. Trabalha na Linha de Yansã e de nosso amado Pai Oxalá, transmitindo muita serenidade em seus atendimentos. Como ela viveu sua última vida ou quantas vidas viveu é difícil saber, pois sua origem é desconhecida.
A única coisa que ela me permitiu contar, foi que nasceu no Brasil Colônia de pais europeus. Porém, foi criada nas matas por amas indígenas de uma tribo do Pará, pois perdeu-se de seus pais. Chamavam-na de "Raio de Luz", por ser uma menina branquinha como um dia de sol. As outras tribos comentavam sobre uma índia branca que eles viam passeando nas matas. Ela viveu o quanto lhe foi permitido viver e abandonou essa vida muito jovem. Não casou, não teve filhos, não morreu, apenas se encantou e desapareceu... O Cacique dizia: "A menina cumpriu sua estada nessa terra e partiu."

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Téssera: uma Cigana Encantada.

Téssera nasceu em 1538, na Irlanda do Norte, na Vila de Belfast, entre o Povo Celta, originário da Gália.
Ela era uma druidesa (druidisa), que dedicava seus dias ao Templo, em jejum e oração por seu povo, pois ela sabia que dias difíceis viriam para a Irlanda.
O Povo Celta já havia sido atacado, inúmeras vezes, pelos Anglos Saxões; mas, em todas elas resistiram à conquista.
Há milhares de anos as terras célticas eram objeto de cobiça dos povos europeus. E ainda existiam as guerras entre os religiosos e a perseguição da Igreja. Foram anos difíceis para toda a Irlanda!
Téssera acordava antes do nascer do sol, banhava-se nas águas do Templo dos Grandes Deuses, fazia suas oblações, comia seu pão e tomava sua água. Em seguida, abastecia os óleos das luminárias do Templo. Limpava e polia as imagens, recolhia as ofertas das visitações e distribuía os víveres entre o povo da aldeia. Esse ritual era diário e constante. E Téssera o praticava com alegria.
Depois, ela sentava-se no Templo e atendia a todos que a procuravam pedindo conselhos, pois possuía o dom de ver e saber das coisas futuras.
O Druida responsável pelo Templo sempre observava todas as druidesas em seus afazeres, para que nada faltasse no Templo do Sol e da Lua - como era conhecido o local.
Téssera viveu feliz por 25 anos, servindo ao Templo com amor e dedicação até que, em um ataque inesperado, todas as druidesas foram violentadas e degoladas por soldados da Coroa Inglesa.
O Sacerdote Druida foi arrastado, amarrado aos cavalos e depois esquartejado. Seus pedaços foram pendurados em postes para serem vistos pela população.
A Religião Celta estava chegando ao fim e um novo tempo se iniciava. Todos os carvalhos foram cortados e as casas dos aldeões foram incendiadas. Belfast iniciou uma nova história de lutas e guerras constantes, que perduraram séculos, entre os nativos e os religiosos (protestantes e republicanos).
França e Inglaterra passaram a disputar o solo Irlandês e alianças político-religiosas foram implantadas.
Téssera, com suas companheiras Druidesas, choraram lágrimas de sangue pela Irlanda, pois o solo ficou maculado por tantos massacres!
Mas, a evolução dos povos não mede a vida e a morte... E foi assim que Téssera desencarnou na religião céltica e, séculos depois, se tonou mais uma trabalhadora na Seara Umbandista.

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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Caboclinha Ceci

Uma Curuminzinha da Amazônia

Essa é a história de uma Indizianha Encantada, que após sua morte costumava visitar sua Tribo e curar as crianças doentes...

Ceci nasceu na Tribo dos Aruaque, no meio da Floresta Amazônica. Ela havia completado 6 anos na época. Era uma indiazinha feliz, que passava os dias brincando com os animais pacíficos da floresta, como os saguis, tatus, porquinhos e outros.
Quando a floresta foi invadida em busca dos seringais, sua Tribo tentou lutar contra a invasão mas, por fim, mudou-se, para evitar atritos com o homem branco. Devido a mudança, os índios enfrentaram dificuldades para encontrar um novo local e se readaptar... A floresta era extensa e tinha seus perigos.
Ceci e os demais índios estavam tristes por deixarem para trás muitas coisas. No caminho para a nova Aldeia, Ceci se distraiu com os bichos e não percebeu a aproximação de uma cobra venenosa. Ela foi socorrida e fizeram todo o possível para salvá-la, mas o veneno espalhou-se rapidamente. Depois de horas ardendo em febre, Ceci desencarnou, para tristeza de seus pais.
A mudança não levou apenas suas Ocas, mas a vida de Ceci. Tempos depois, sempre que uma criança ficava doente na Tribo alguém via Ceci correndo ao redor da criança. E "milagrosamente" no dia seguinte, a criança amanhecia curada.
Ceci tornou-se um Espírito Encantado, que vive nas Matas curando bichos e gente... Ela "encantou-se", quer dizer, ela se tornou uma Entidade Protetora da Natureza.

*Muitos Erês, assim como os Caboclos, os Preto-velhos e as demais Entidades possuem suas histórias de vida. Alguns desses Erês "encantaram-se", como aconteceu com muitas Entidades conhecidas da Encantaria e da Umbanda.

sábado, 8 de setembro de 2012

Mariazinha

A Cosminha mais manhosa e mais travessa da Umbanda!


Zélio de Morais sempre afirmou que os 3 pilares da Umbanda são: os Caboclos, os Pretos-velhos e os Erês. Os Caboclos e os Pretos-velhos tornaram-se conhecidos, amados e repeitados por todo umbandista. Mas os Ibejis, conseguiram conquistar a simpatia, até mesmo daqueles que se assustam com os espíritos!
Os Erês cativam e envolvem a todos com sua energia contagiante. Os Ibejis (Erês) atuam na vibração do Amor Incondicional, transmitindo a pureza, a inocência e a delicadeza das Crianças.
Eles representam o Amor Cósmico Divino agindo durante os atendimentos. Sua saudação é: "Omi Ibejada! Ibejeró!" Ou ainda: "Salve todos os Cosminhos!" Também é aceita a saudação: "É de dois-dois? Ou é de Doum?" - em referência a Cosme, Damião e Doum.
Durante o atendimento, os Pequeninos "sentem o que a pessoa sente"... Por isso, para transformar (e transmutar) todo e qualquer sentimento, eles envolvem a pessoa com suas alegrias e estrepolias.
Assim como as demais Entidades, cada "Cosminho" ou "Cosminha" traz sua história para dentro do Terreiro. Ao se apresentar pela primeira vez, é normal que eles queiram compartilhar a sua história de vida.
Hoje contaremos a história de uma Mariazinha...
Essa Mariazinha em especial, nasceu em Pernambuco, em 1892. Ela desencarnou em 1900, antes de completar 8 anos. Seus pais eram pescadores e moravam na praia. Ela era uma menina alegre que adorava brincar no mar e na areia.
Sua morte nunca foi desvendada... Pois, seu corpo foi encontrado inerte na praia. Mas, ela contou depois o que aconteceu: um homem mal a maltratou. Ela disse que não guarda mágoas, nem nada e que já o perdoou...
Essa Mariazinha, assim como todas as Mariazinhas, gosta de trabalhar ajudando as pessoas a enfrentar as tristezas. Mas, também adora acompanhar as mamães com seus filhinhos.
Toda Mariazinha quando incorpora pela primeira vez, faz dengo, chora e fala com voz manhosa. Por conta dessas características, elas se tornaram as menininhas mais conhecidas das Festas! Em geral, elas adoram usar laços de fita, brincar com bonecas e ganhar enfeites diversos... Assim como todas as menininhas!
A Mariazinha dessa história, gosta de qualquer tipo de doce. Porém, o que ela adora mesmo, é um copo com leite e um bom pedaço de bolo! E claro: o guaraná - que ela chama de "água doce gasosa"!
As Mariazinhas, em geral, podem trabalhar na Praia, na Cachoeira, no Mangue, na Pedreira, ou em qualquer ambiente que tenha Água! Porque tudo depende da Linha em que ela está atuando...
Enfim, as Mariazinhas representam a bênção e a misericórdia de Maria Menina. O dia 8 de setembro é considerado a data em que Maria nasceu... Por isso, nesse dia celebram-se todas as Mariazinhas!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Baiana Nhá Ana

Ana Cecília era uma mucama que trabalhava na casa de uma família importante do Recôncavo Baiano. A família possuía propriedades na cidade de Cachoeira e São Félix, mas a casa principal ficava em Salvador.
Eles eram uma família de portugueses, que se mudaram para o Brasil no final do século XIX. Ana começou a trabalhar com eles ainda criança, quando a mãe era a babá dos sinhozinhos.
Ela auxiliava a cozinheira e a arrumadeira da casa. Como Ana era calada e jeitosa com as coisas se tornou a mucama das senhoras da casa.
Em Salvador, Ana gostava de participar das festividades de Nosso Senhor do Bonfim e sempre pedia permissão aos patrões para ir à Igreja.
Sua vida era assim: simples e tranquila. Até o dia em que defendeu suas senhoras de um grupo de ladrões... Elas estavam saindo da Igreja e desciam tranquilamente a rua calçada em direção a casa.
Os assaltantes pediram os pertences das senhoras e apontaram as peixeiras. Ana assustou-se e atirou-se na frente das madames.
Ela foi apunhalada pelos agressores, que fugiram em seguida. Como Ana gostava muito da família com quem trabalhava, não queria que nenhum mal lhes acontecesse.
As mulheres se desesperaram, pediram ajuda e Ana foi socorrida, mas não resistiu. Ela morreu ao chegar ao Hospital da Capital.
Assim, a Baiana Ana findou uma etapa de uma uma vida simples, mas honrada. Quando acordou em Aruanda, estava feliz, pois cumpriu sua missão de vida.
Ela foi convidada a atuar na Umbanda como uma Baiana que trabalha na Linha de Oxalá (Nosso Senhor de Bonfim) e na Linha das Águas (Mães).

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Baiano Zé do Cacau

José Carlos nasceu no Maranhão, numa das fazendas de cacau da região, no ano de 1830. Quando José Carlos nasceu, o Maranhão passava por uma crise econômica e muitas fazendas estavam modificando sua estrutura.
Alguns fazendeiros estavam investindo em seringais na Amazônia e enviando seus escravos para trabalhar na colheita da borracha. A mãe de José Carlos foi enviada a um desses seringais e José Carlos foi separado dela. Ele foi vendido para um coronel do cacau, no sul da Bahia.
José Carlos tinha doze anos na época em que foi separado de sua mãe e isso abriu uma ferida grande em seu peito. Ele já tinha entendido o que era a escravidão e o que significava ser negro no Brasil.
O coronel que o comprou era reformista e adepto das leis que regiam a libertação dos escravos. Reuniu todos os escravos e falou que lhes daria a carta de alforria, mas que em troca precisava que eles continuassem trabalhando em suas terras e que lhes daria alimentação, moradia e uma moeda pelo trabalho realizado.
José Carlos adaptou-se rapidamente a sua nova vida, mas sentia falta de sua mãe. Com 20 anos era um negro forte e grande, que jogava capoeira e trabalhava muito bem. Ele era um dos melhores coletores de cacau da região e assim o apelidaram de Zé do Cacau.
Ele guardava todo o seu rendimento e quando juntou uma boa quantia pediu ao coronel se poderia comprar sua mãe e alforriá-la, trazendo-a para viver junto dele. O coronel aceitou a oferta de Zé do Cacau... Ele viajou até o Maranhão e falou com o antigo dono de José Carlos e de sua mãe, fazendo a proposta de comprar a negra. Mas, quando voltou para sua fazenda, chegou só... E foi com muita tristeza que José Carlos soube que sua mãe havia morrido por causa da malária.
Como a vida prosseguia e ele precisava viver, juntou-se com uma negra da fazenda de nome Nhá Bela. Eles tiveram 4 filhos, todos alforriados. Com o tempo, Zé do Cacau comprou um pedacinho de terra e começou a plantar seu próprio cacau. Ele plantava outras frutas também e assim conseguia viver bem com sua família.
Quando assinaram a Lei Áurea, Zé do Cacau deu abrigo a muitos negros que ficaram sem ter onde viver. Construiu um galpão onde abrigou muitas famílias e ensinou-os a trabalhar e a sobreviver. Ele tornou-se um Mestre da Capoeira e passou a cultura de sua terra e tudo o que aprendeu com sua mãe aos demais negros.
O coronel, antigo dono de Zé do Cacau, já havia desencarnado e sua fazenda foi dividida entre os filhos. Os demais coronéis da região ainda queriam manter os escravos trabalhando em condições desumanas, mesmo após a assinatura da Lei Áurea. Mas, com a ajuda de Zé do Cacau, muitos negros se refizeram. Isso fez com que ele adquirisse muitos inimigos entre os poderosos da região.
Um dia, alguns jagunços se reuniram e fizeram uma emboscada, matando Zé do Cacau. Os coronéis imaginavam enfraquecer o movimento dos negros com a morte de Zé do Cacau. Mas, isso fortaleceu ainda mais os negros, que se reuniram e começaram a aprender capoeira para se defender... Eles criaram grupos e escolas, para dar continuidade a luta de Zé do Cacau e suas terras continuaram a ser cultivadas.
Os negros eram boicotados no comércio de seus produtos, mesmo assim, conseguiam sobreviver do que colhiam da terra. Nhá Bela e seus filhos temiam novas represálias, então, mudaram-se para o Rio de Janeiro, deixando as terras da Bahia para os negros da região. Foram morar no morro começando, assim, um movimento que dura até hoje...
Surgiram, então, as favelas, com muitos negros se agrupando para sobreviver e para se fortalecer. Nhá Bela casou-se novamente e teve mais dois filhos. As ideias de Zé do Cacau permaneceram com seus amigos e filhos e eles levaram a força da capoeira aonde foram, recebendo apoio de alguns jovens da elite social e enfraquecendo o coronelismo. O Brasil começava a mudar e Zé do Cacau contribuiu para essa mudança.

UMBANDA EM PAZ...: Baiano Zé do Cacau...