segunda-feira, 19 de novembro de 2012

As primeiras Tendas da Umbanda...


Zélio de Morais, ao propagar os fundamentos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, esclareceu que as Tendas deveriam nascer das Sete Linhas da Umbanda e que, portanto, seriam representadas por sete cores.
Assim, quando do nascimento das primeiras Tendas e a delegação dos poderes para gerir essas mesmas Tendas, alguns dos novos filhos de fé, a exemplo do que ocorre em outras formas de culto, desvirtuaram em grande parte os ensinamentos do Caboclo das Sete Encruzilhadas.

As primeiras Tendas, ou mais especificamente, as Primeiras Linhas de Umbanda eram assim distribuídas...

A primeira linha é caracterizada pela cor amarelo ouro bem clarinho e que seria a cor da Tenda de Santa Bárbara. O Orixá correspondente é YANSÃ, que se caracteriza por ser um Orixá guerreiro e que domina também as águas como todas as Santas Senhoras; mas exerce, além disso, seu domínio sobre os raios, as chuvas e os ventos. Yansã simboliza a forma mágica capaz de afastar os males e as influências negativas. Servindo de amparo às súplicas dos que recorrem ao seu poder vibratório, como o poder de descarregar cargas nocivas de enfeitiçamento.
A segunda linha é caracterizada pela cor rosa, correspondente a Tenda Cosme e Damião. É a linha dos espíritos das crianças, espíritos puros em corpos físicos recém libertos do útero materno, espíritos que não tiveram oportunidade de ampla vivência em corpos físicos, sendo considerados ainda espíritos aprendizes. O Orixá correspondente é IBEJI. A universalidade dessa cultuação religiosa abrange povos que viveram em épocas diferentes e distintas, bem como, em locais distanciados na face da Terra. Em correspondência com áreas espirituais, eles envolvem todas as falanges que foram simbolizadas nos cultos dos gêmeos. Os cultos africanos, introduzidos pelos nagôs e pelos bantus trouxeram uma noção de um transe infantil, denominado "ERÊ" e uma concepção singular do Orixá Ibeji, representado por gêmeos sob várias denominações (Alabá, Doum, Cosme e Damião, Crispim, Crispiniano e Talab). Esse transe era muito considerado pela limpeza fluídica que fazia nos filhos de fé, ao final das práticas de terreiro.
A terceira linha é caracterizada pela cor azul clara. Esta é a única linha que possui mais de uma representação, com vários Santos Católicos sincretizados com ela, a saber: Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Guia, etc. O Orixá correspondente é IEMANJÁ. Esta linha é também a primeira a ter um nome negro e que significa "Mãe Peixe". A cor azul de Iemanjá lembra o período em que a vida é gerada no útero materno, é o próprio e complexo ato da fecundação, seguida do período de desenvolvimento do feto no meio aquoso (salino). Daí ser confundido ou bipartido, dando-se a Nossa Senhora da Conceição, a mãe de Jesus, o sincretismo com o Orixá da água doce ou potável, dos rios e cachoeiras, o Orixá OXUM. Iemanjá é o Orixá que possui maior cultuação e os milhões de adeptos a homenageiam coletivamente ao findar e iniciar de cada ano, fazendo a entrega das oferendas apropriadas. Oxum é o Orixá que domina a água doce e o arco-íris e as suas ligações. Porém, exerce o domínio mais acentuado nas cachoeiras, num sentindo geral de purificação.
A quarta linha é caracterizada pela cor verde representativo da Tenda São Sebastião. Representa o elemento verde da natureza, as matas e o povo que nela habita, os chamados índios e seus mestiços, os Caboclos. O Orixá correspondente é OXÓSSI. O culto a Oxóssi envolve uma vasta falange de caboclos, que representam o elemento jovem, o espírito idealista, sendo honestos e desinteressados. Os Guias-Chefes recebem várias denominações. Na Umbanda, esse Orixá recebeu ou absorveu a cultuação dedicada a Ossanha (Ossãe), bem como, as suas prerrogativas no campo das ervas medicinais, sendo de muita expressão nessa magia das plantas. Oxóssi, através dos fluídos das ervas, prepara e limpa com os seus banhos todas as vibrações inferiores, harmonizando as vibrações com perfumes e aromas florais.
A quinta linha é caracterizada pela cor vermelho, representando a Tenda São Jorge. O Orixá correspondente é OGUN; patrono da força aplicada à manutenção da ordem, é constituída pelos espíritos de militares. Ogun é um Orixá muito considerado na Umbanda. Apresentando várias entidades que se manifestam nos terreiros de Umbanda sob os mais variados nomes, entre eles: Ogun Beira-Mar, Ogun Rompe Mato, Ogun Nagô, Ogun Sete Ondas, Ogun Iara, etc. Ogun simboliza o vencedor de demandas com vibrações positivas, aquele que é escolhido para combater as forças do mal.
A sexta linha é caracterizada pela cor marrom, representando a Tenda São Jerônimo. Esta linha é constituída pela força. Seu Orixá correspondente é XANGÔ e significa a força que resolve as pendências, dando a quem é devido o que lhe é de direito. É sempre representado como o homem maduro. A invocação de Xangô envolve desde os Doze Apóstolos a todos os Santos Velhos. No apelo comum a Xangô afluem as forças poderosas que reluzem qual relâmpago na continuidade do trovão, cujo domínio está sob seu poder e tem na rocha firme o simbolismo imutável e inflexível da justiça, em cuja égide é invocado.
A sétima linha é caracterizada pela cor violeta e que corresponde a Tenda de Sant'Ana que representa o elemento velho e servil. É o período em que consciente de toda existência, mas já ocupando um corpo pronto, o indivíduo espera a libertação que virá com a morte. O Orixá correspondente é NANÃ. Este Orixá é considerado como a Senhora Suprema da Umbanda, também invocada como Nanã Buruquê; sendo Nanã carinhosamente chamada pelos adeptos de "Vovó da Umbanda".
E finalmente, temos a cor negra, correspondente a Tenda de São Lázaro. É a ausência da cor e da luz da vida. Zélio de Morais* explica que as cores branco e preto não fazem parte das sete linhas, pois o branco, que é a presença da luz, existe em todas elas e o negro, que é justamente a ausência da luz, está na falta delas. O Santo Católico São Lázaro é sincretizado com o Orixá OBALUAIÊ ou OMULU. Esse Orixá chefia a Falange dos mortos, mas não no sentido distante, de muito tempo... Por ser uma divindade ligada à Terra, procede à purificação material dos corpos, através de suas vibrações especiais. Silenciosas e melancólicas, essas vibrações ajudam a despir o envoltório grosseiro do físico sujeito às vicissitudes e à morte. Contribui assim, para o desenvolvimento do espírito na sua libertação do corpo carnal.
Com essas explanações foram geridas as Primeiras Tendas e formuladas as Linhas iniciais da Umbanda. Mas, apesar das mudanças, transformações e discussões o que realmente importa é a mediunidade e a missão de cada médium. Por isso, trabalhem bem, trabalhem na Lei!
Uma observação final que cabe aqui, é que a palavra "Tenda" a que se referia o Caboclo das Sete Encruzilhadas, diz respeito ao próprio médium, que abriga em si a missão de reunir outros em torno de si.
Atualmente, as Sete Linhas de Umbanda estão distribuídas consensualmente de uma maneira diferente da inicial... Porém, mantendo a mesma ética e princípios adotados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Por isso, lembrem: "O começo é a base de tudo!"

sábado, 17 de novembro de 2012

Os Orixás e as Sete Linhas da Umbanda.


A função da Umbanda, desde o início, permitiu reunir num mesmo Culto os elementos do Candomblé, do Espiritismo, do Xamanismo, bem como, das Religiões Ocidentais e Orientais em geral, e essa sempre foi a intenção do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
A Umbanda surgiu modesta, realizando suas primeiras reuniões em um local pequeno e improvisado e, por isso, recebeu o nome de Tenda. A palavra "Tenda" foi utilizada como uma referência simbólica.
Quando Zélio de Morais viu seu trabalho expandir, também viu que foram surgindo outras Tendas... A Tenda do Senhor do Bonfim, a Tenda de Umbanda Santa Bárbara, a Tenda de Umbanda Cosme e Damião, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Conceição, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Glória, inaugurada juntamente com a Tenda Nossa Senhora dos Navegantes - porque dois de seus médiuns, já preparados, eram filhos de Iemanjá.
Iemanjá era um Orixá cujo culto até então, era praticamente desconhecido no Brasil. A seguir, veio a Tenda de Umbanda São Sebastião, a Tenda de Umbanda São Jorge, seguida da Tenda de Umbanda São Jerônimo. Completando, surgiram a Tenda de Umbanda Sant'Ana e, finalmente, a Tenda de Umbanda São Lázaro. Uma outra tenda nascida da Tenda Nossa Senhora da Piedade ganhou projeção no Rio de Janeiro. Essa tenda recebeu o nome de Tenda Mirim, fundada em 13 de outubro de 1924.
Essas foram as primeiras Tendas, então: Nosso Senhor do Bonfim, Santa Bárbara, Cosme e Damião, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes, São Sebastião, São Jorge, São Jerônimo, Sant'Ana, São Lázaro, Tenda Mirim...
Inquirido, por Ronaldo Linares, a respeito de todas as Tendas levarem o nome de Santos Católicos (na época o Catolicismo era a religião dominante), Zélio de Morais justificou dizendo que tinha formação católica e, que quando iniciara o Culto Umbandista, o fizera a pedido do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
No sincretismo, surgiram assim: OXALÁ, YANSÃ, IBEJI, OXUM, IEMANJÁ, OXÓSSI, OGUN, XANGÔ, NANÃ e OMULU.
Mas, por fim, permaneceram as Sete Linhas: OXALÁ, IEMANJÁ, OXÓSSI, OGUN, XANGÔ, OMULU e IBEJI.
IEMANJÁ, OXUM e YANSÃ foram agrupadas em uma úncia Linha por serem todas Mães e por terem seus nomes relacionados a Rios Africanos.
NANÃ e OMULU, bem como, OBALUAIÊ, também foram agrupados em outra Linha correspondente, devido a sua relação com a Vida e a Morte.
Assim, surgiram as "Sete Linhas" que são comandadas pelos Orixás. Aqueles que trabalham dentro de cada Linha são chamados de Falangeiros, Mensageiros ou Guias Espirituais. Ou seja, todo Falangeiro é um Mensageiro do Orixá e também é um Guia Espiritual do médium.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ileke ~ Fio de Contas ~ Colar de Contas ~ Colar do Guia


Ileke, Fio de Contas, Colar de Contas ou Colar do Guia é um dos símbolos utilizados como representação religiosa dentro da Comunidade Afrodescendente e Ameríndia., principalmente na Umbanda e no Candomblé.
O Colar de Contas (Ileke) ajuda o médium a "vibrar" na energia do Guia Espiritual, para atuar de maneira equilibrada durante o Trabalho Mediúnico.
A principal função do Colar de Contas é a de proteger o médium contra os ataques externos, para que a sua energia permaneça em equilíbrio no decorrer de todo o atendimento, bem como, fora dele...
Para tanto, o colar deve ser preparado adequadamente, desde a sua confecção até a sua utilização. O ideal é que o próprio Dirigente Espiritual confeccione o Ileke do médium, para fortalecê-lo...
Durante os trabalhos de Gira de Umbanda, os médiuns usam a roupa branca como uniforme e o colar representativo de seu Protetor ou de sua Linha de Atuação.
O médium também pode fazer uso do colar que representa as Sete Linhas da Umbanda. A sua utilização pode ser determinada pelo Templo para uniformizar a Corrente Mediúnica.
Na Umbanda cada Entidade possui seu Colar de Proteção, o qual utiliza durante o Atendimento Mediúnico para dar seu Axé ao Médium e ao assistido.
O Ileke ou Fio de Contas costuma receber as cores representativas de cada Linha intercaladas com a cor branca de Oxalá; com exceção da "Esquerda" (Exu e Pombagira).
Assim, teremos:
- Branco para Oxalá;
- Marrom e branco para Xangô;
- Vermelho e branco para Ogun;
- Verde e branco para Oxóssi;
- Azul claro e branco para as Mães d'Água;
- Lilás (rosa) e branco para Nanã;
- Preto e branco para Omulu e Obaluaiê;
- Colorida para Ibejis (sem sequência);
- Preto e vermelho para Exu e Pombagira.
Acrescentamos que o Colar de Contas confeccionado com miçangas de cristal transparente pode ser utilizado para Iemanjá... E também existe o Colar de Contas com Sete Cores para indicar as Sete Linhas da Umbanda.
Além de seguir a cor tradicional de cada Linha, a Entidade também pode acrescentar detalhes que representam a sua ligação com a Natureza. Por exemplo...
- as Entidades que trabalham na Linha das Matas, comandada por Oxóssi, gostam de enfeitar suas guias (colares de contas) com sementes diversas;
- as Entidades que trabalham na Linha das Águas, gostam de usar conchinhas, búzios ou sementes da planta "Lágrimas de Nossa Senhora" em seus colares;
- os Pretos-velhos costumam usar terços de materiais diversos, junto com o Fio de Contas tradicional;
- E assim por diante...
Lembramos que o Ileke ou Fio de Contas segue outros preceitos dentro do Candomblé. Ele obedece a cor de cada Nação referente ao Orixá que assumirá o seu comando. E além das cores, o Candomblé também indica a graduação no próprio colar, usando uma quantidade variada de fios ou um tamanho variado nas contas do Colar.
Ou seja, no Candomblé, o Ileke (Colar de Contas) funciona como uma formação adquirida, onde cada fio representa um degrau ou um ano de feitura. Ao final do processo de Feitura (desenvolvimento), o Fio de Contas totalizará sete fios, que equivalem a sete anos de procedimentos.
Também é preciso lembrar que cada colar deve obedecer a uma cor específica determinada por sua Nação de Axé... Para fechar o colar, acrescenta-se uma conta maior, a qual representa a firmeza do Orixá para o Filho de Santo. Por isso, ela é chamada de Firma.
No Candomblé, além do Ileke (Colar de Contas), existe o Brajá (Colar de Búzios). O Brajá é utilizado para indicar uma graduação específica, relacionada a Ifá. Além disso, existem os Colares Trançados (Chicote Imperial) e que representam os Cargos Elevados dentro da Nação.
Enfim, independente da Nação ou da Religião, muitas pessoas gostam de usar o Colar de Contas como um adereço de uso pessoal no dia a dia.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A missão da Umbanda e de cada umbandista.

Quando o Criador de Tudo permite a existência e a propagação de uma crença ou religião, Ele está avaliando o caráter do Ser Humano, permitindo a cada um agir livremente dentro de suas ideologias.
Cada Religião possui um propósito aqui na Terra. Por isso, não existe apenas uma Religião... Nós temos o livre-arbítrio e podemos escolher onde desenvolver e aprimorar nossos conhecimentos. Dessa forma, não importa onde a pessoa cumprirá a sua missão de vida, desde que a cumpra da melhor maneira possível!
Quando o Caboclo das Sete Encruzilhadas, se apresentou no dia 16 de novembro de 1908, ele proferiu a seguinte ordem: "Todas as Entidades serão ouvidas! Nós aprenderemos com aqueles que souberem mais e ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum nós viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai. O verdadeiro umbandista vive para a Umbanda e não da Umbanda!"
Ao realizar essa afirmação, o Caboclo das Sete Encruzilhadas firmou o propósito de que a missão da prática umbandista é a de levar atendimento a todo os encarnados e desencarnados, sem distinção. Por isso, a Umbanda cresceu tanto e se proliferou... Porque aceita a todos como iguais.
Infelizmente, muitos umbandistas estão esquecendo o que é a Umbanda e qual o propósito de sua existência... Estão discutindo se a Umbanda é dessa ou daquela Nação, entre outras tantas discussões! A Umbanda nunca quis convencer ninguém de suas verdades. A Umbanda jamais afirmou que era melhor ou maior que outras crenças. A Umbanda nunca desmereceu qualquer Religião!
Quando Zélio Fernandino de Morais abriu o conhecimento espiritualista aos demais, foi para reunir todas as pessoas de todas as Etnias em um mesmo lugar. Na época, os Centros Espíritas tinham preconceito com outras Entidades e o Candomblé não se abria às Entidades de outras Nações. 
O Plano Espiritual estava sobrecarregado de espíritos querendo trabalhar... Então, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, junto ao seu médium Zélio de Morais, propôs que todos se unissem para acabar com o preconceito, eliminar a intolerância e impedir a discriminação.
Entretanto, o que vemos hoje em dia (depois de um século), é exatamente o oposto do que eles pediram... Nós realmente precisamos refletir... Está mais do que na hora de entendermos o que é a verdadeira Umbanda!
Ser umbandista é ser amoroso, acolhedor e compreensivo... E tudo que foge disso, deixa de ser Umbanda!

sábado, 10 de novembro de 2012

Vovó Francisca da Guiné: a curandeira do Kilombo!

Ela nasceu próximo a Buba, na Guiné-Bissau da África, um território sob o domínio português, no século XVIII. Foi trazida ao Brasil junto com sua família, ainda criança. No Porto do Rio de Janeiro, foi vendida com  sua mãe e os quatro irmãos para uma fazenda ao norte da região de Goiás.
Ela estava assustada, não entendia nada do que estava acontecendo. Quando chegaram à Fazenda, seus irmãos foram separados e enviados às diferentes áreas para trabalhar na lavoura. Ela e a mãe ficaram na propriedade principal, para trabalhar na casa dos patrões.
Quando chegou à Sede da Fazenda, seus olhos se fixaram em uma imagem sobre o portal da casa. Perguntou para a mãe quem era aquele homem, mas ela não sabia. A imagem era de São Francisco de Assis, pois esse era o nome da Fazenda. Ela achou a imagem parecida com um dos Deuses Africanos e isso aliviou seu coração.
Com o tempo ela e a mãe estavam adaptadas a rotina da fazenda. Uma vez por mês podiam ver os irmãos pois, apesar de ser uma época de escravidão, a esposa do Senhorio da fazenda era uma pessoa boa que tratava os escravos com dignidade. Ela mantinha uma escola na fazenda e ensinava todas as crianças a ler e a escrever.
Francisca, como passou a ser chamada, por gostar tanto da imagem do santo, tornou-se uma moça prendada que fazia com prazer todos os serviços da casa. Ela assumiu a faxina e a cozinha e passou a cuidar dos sinhozinhos que nasciam.
Tempos depois ela casou-se com um escravo da fazenda de nome Tomás. Eles tiveram 3 filhos e viviam em uma de vila de casas da fazenda. Seus irmãos também haviam se casado e moravam na mesma vila.
O século XIX estava iniciando e, apesar da escravidão, tinham uma vida calma na Fazenda São Francisco. Mas, essa tranquilidade não durou para sempre, pois haviam muitas disputas entre Abolicionistas e Escravocratas.
O proprietário da fazenda faleceu e sua esposa, que estava idosa, não conseguiu evitar um ataque. Seus filhos e netos reuniram pessoas para lutar, mas muitos perderam a vida nessa disputa. Alguns negros assutados fugiram para os Kilombos.
Francisca não queria abandonar a patroa que havia lhe tratado tão bem. Sua mãe já havia falecido e dois de seus irmãos morreram na luta. A própria patroa lhe aconselhou a fugir para o Kilombo.
Reunindo os demais negros, ela e Tomás fugiram... Pois os outros fazendeiros não descansariam enquanto não acabassem com a vila da fazenda.
Francisca deixou a fazenda com seu esposo e outros negros e foram em direção ao Kilombo das Matas, no extremo norte de Goiás. Enquanto eles fugiam passaram por muitos perigos, mas conseguiram chegar ao Kilombo.
A partir desse momento uma nova vida iniciou para eles. Francisca começou a conhecer melhor a história da escravidão no Brasil, através dos negros fugidos que chegavam ao Kilombo. Também iniciou uma nova etapa de sua jornada terrena.
Ela começou, juntamente com seu esposo, a se dedicar a todos que precisassem de atendimento, oração e auxílio. Aos poucos foi benzendo e curando as crianças e idosos, depois todos começaram a pedir sua ajuda...
O tempo passou e Francisca tornou-se conhecida como Vó Francisca. Seu esposo Tomás havia falecido e seus filhos já estavam adultos e casados.
No Kilombo todos ouviram falar de uma Lei que libertaria os escravos, mas ainda não sabiam se era verdade. Francisca morreu sem saber que a Lei Áurea havia sido assinada. Ela descansou ao lado do esposo, no cemitério do Kilombo*.

*Kilombo ou Quilombo são aceitos ortograficamente; inclusive, a forma Ochilombo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eu descobri que sou médium, mas não sei o que fazer...

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A maioria das pessoas, ao descobrir que possui mediunidade sente receio e até certo temor de assumir que são médiuns.
O medo e o preconceito gerados pela intolerância religiosa de muitos, devido a falta de compreensão e estudo, transformam os Templos de Umbanda em locais de ataque de baixo escalão. Muitos acham-se no direito de julgar, agredir e condenar aquilo que desconhecem...
Por conta disso, alguns médiuns, quando descobrem que possuem missão na Seara Umbandista, sentem-se coagidos e deixam de professar sua fé e sua crença, abandonado totalmente sua missão de vida.
As pessoas que agridem os Umbandistas chegam ao absurdo de dizer que a Umbanda não é Cristã, fato totalmente descabido, já que Oxalá é sincretizado com nosso Querido Mestre Jesus Cristo.
Também existem pessoas que publicam livros ou textos diversos agredindo as demais religiões, em vez de escreverem sobre si mesmos e suas próprias crenças...
Que direito temos nós, de intervir na fé de cada um? Quem somos nós, para nos acharmos no direito de julgar e condenar? Como podemos pensar que somos melhores, porque somos desta ou daquela religião?
Quando nascemos com mediunidade, somos imbuídos de um forte desejo de compreendermos o mundo que nos cerca além da razão e da emoção. Então, recebemos por missão o compromisso de orientar outras pessoas em uma direção mais equilibrada.
Para tanto e para isso, desde cedo somos direcionados nesse propósito e jamais, em nenhum momento, estaremos sozinhos. Sempre, desde o primeiro respiro e até o último suspiro, estaremos acompanhados de nossos Guias-Mentores, pois é para isso que viemos à esse Mundo.
Alguns de nós terão missão na Umbanda, outros na Kimbanda, outros no Candomblé, outros no Espiritismo, outros na Apometria, outros no Xamanismo... Enfim, o que importa é cumprir nossa missão e respeitar os Protetores, porque sem Eles não somos ninguém...
E acima de tudo, para evitar erros e confusões, devemos conhecer aquilo que professamos. Conhecer, não quer dizer "mascarar" ou iludir mas, realmente, compreender profundamente a crença que vivenciamos.
Portanto, se somos médiuns significa que somos mediadores, e por isso temos o compromisso de "mediar" toda e qualquer situação. Ou seja, devemos intervir para pacificar... Somente para pacificar! Essa é a nossa missão!