sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Cigano Pablo Juan de Castañeda

ou "Juan Pablo" (Alguns preferem me chamar assim...)

"O nome Pablo era muito comum entre nosso Povo e da mesma forma o nome Juan. Entre nós era normal recebermos dois nomes de batismo. Um nome indicava a origem materna e o outro nome a origem paterna. Ou seja: Juan, provinha de 'Casa de Juan' ou dos devotos de São João Batista como era o caso de minha família paterna. São João Batista, aquele que anunciou e batizou Jesus, era muito querido por nosso povo. Pablo provinha da 'Casa de Pablo' ou dos devotos de São Paulo, o grande guerreiro de Cristo e representava a minha família materna.
Nós seguíamos a Tradição Judaico-cristã, mas, respeitávamos nossos antepassados e seguíamos as tradições da Igreja Ortodoxa Oriental também... Isso destoava do que a Igreja Tradicional pregava na época, pois, haviam as Guerras Santas e a disputa por territórios. Nossa família era de uma linhagem conhecida na Síria Tradicional mas, devido às perseguições aos Cristãos, nos mudamos para a Europa. Os árabes eram mouros e a maioria dos europeus eram cristãos. Nossa família estava dividida em uma guerra onde éramos Árabes expatriados, não-mouros e com premissa cristã. Explico tudo isso para que vocês entendam como era difícil viver naquela época, onde não seguíamos a tradição da Pátria Muçulmana, mas, também não éramos considerados Cristãos.
Meu pai trabalhava com o comércio da madeira do castanheiro e, por isso, seu sobrenome passou a ser Castañeda. Quando minha família se mudou para a Europa eu era um adolescente e passei a auxiliar meu pai em seu ofício. Também comercializávamos jóias e outros artefatos. Viajávamos constantemente para evitar perseguições, porque assim evitaríamos qualquer elo com as pessoas locais. E isso impedia que elas soubessem sobre nós ou nossas vidas.
Cresci entre muitos países, conheci muitas culturas mas, nenhuma tão profunda e vasta quanto a nossa. Durante uma dessas viagens conheci uma bela jovem chamada Cláudia Soares. E com ela me casei anos mais tarde. Apesar de não ter nascido cigana, ela foi adotada pelo meu povo após a morte de seus pais. Nossa vida foi muito boa, mesmo enfrentando dificuldades e perseguições.
Em outra hora contarei sobre minha vida conjugal e o final de minha existência como 'Gitano'. Hasta brevedad!"