segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Homenagens a Iemanjá!

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O final de ano é sempre marcado por inúmeras festividades à beira da praia para aquela que é considerada a Rainha do Mar.
Em quase todo o litoral brasileiro, durante as comemorações de final de ano, as pessoas presenteiam a Dona das Águas à beira mar, onde fazem seus pedidos para o próximo ano.
Onde não há praias, as pessoas dirigem-se aos Rios, como é o caso de Corumbá (MS), Cuiabá (MT), Manaus (AM), e várias outras cidades brasileiras.
Na capital Rio de Janeiro, no dia 29, realizaram-se passeatas e homenagens a Iemanjá. Em Porto Alegre a Festa também é muito popular e atrai milhares de pessoas de diversas regiões. O mesmo ocorre em Salvador, onde Iemanjá é festejada em quatro ocasiões diferentes: 02/02, 15/08, 08/12 e 31/12.
Oferendar Iemanjá no último dia do ano e lhe pedir bençãos, é uma prática que tornou-se efetiva há mais de dez anos. Mas, a data mais antiga que se tem registro é de 1923, em Salvador. Porém, existe confirmação que 1896 os pescadores já celebravam a Grande Sereia do Mar.
Em Salvador e no restante do Nordeste, as homenagens são realizadas durante toda a semana que antecede o Novo Ano. Em alguns locais as Festas para a Sereia do Mar ocorre apenas no mês de fevereiro.
A Iemanjá como a conhecemos é uma imagem brasileira. Ela é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora das Candeias, entre outras...
A sua cor é o azul claro, por causa do mar em dias calmos. Iemanjá também é conhecida pelos nomes de: Dandalunda, Mucunã, Iara, Sereia das Águas, Inaê, Janaína, Rainha do Mar, Deusa das Águas, etc.
Enfim, Que a Rainha do Mar lhe conceda a realização de todos os seus pedidos; tanto os mais profundos, quanto os mais secretos!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Salve o Amaci!


O Amaci na Umbanda representa o primeiro passo para o desenvolvimento mediúnico do médium após a sua entrada na Corrente Mediúnica da Casa.
A preparação do Banho de Ervas para o Amaci, possui várias funções: limpar a aura do médium, energizar seus Chakras, alinhar seus corpos, equilibrar a sua mediunidade e firmar a sua incorporação.
Mesmo para o médium que não incorpora, e que possui a função de auxiliar os trabalhos (cambonear), o Amaci é importante, pois representa a sua ligação com a Casa e com seu Guia Espiritual.
O Amaci deve ser preparado sempre pelo Zelador da Casa ou pelo Auxiliar, para que receba o Axé das Ervas e do Dirigente Espiritual. Também deve ser observado o resguardo físico, moral e espiritual, antes do preparo do Amaci.
A escolha das ervas, a quantidade das mesmas e o tempo de descanso do Banho, é determinado pelo Chefe Espiritual da Casa. Cada Amaci possui uma função específica e, por isso, o médium recebe mais de uma Amaci durante o seu desenvolvimento.
Na semana do Amaci seguem-se várias observações: jejum, abstinência, pensamentos positivos e orações. Tudo isso para que o médium possa receber de forma adequada o Amaci.
O Amaci é sempre despejado no corpo todo ou na cabeça do médium, para firmar o seu camatulê (topo da cabeça) e sua ligação com o Anjo de Guarda. Os Banhos de Limpeza são despejados apenas do pescoço para baixo.
Antes de um Amaci o Médium passa por uma limpeza, toma um banho completo com sabão de coco ou sabão da costa, coloca a sua roupa branca e se prepara mentalmente com orações e bons pensamentos.
Após o Amaci o Médium deve cobrir a sua cabeça com o Pano Branco (Pano de Santo)... Esse ato representa o cuidado para preservar a energia do Orixá em si mesmo.
As ervas utilizadas num Amaci são: boldo, alfazema, manjericão, alevante, guiné, arruda, hortelã, espada de são jorge, espada de santa bárbara, rosa branca, lírios, entre outras. Também pode ser utilizado: sal, açúcar, mel, água do mar, água de cachoeira, água de chuva, etc.
A escolha das Ervas e dos complementos do Banho depende unicamente de sua função: limpar, energizar, apaziguar, fortalecer, firmar, etc. Por isso, cada componente do Banho faz diferença! Inclusive, os cantos e as orações que são proferidos durante a preparação.
Enquanto ocorre o Amaci, os Médiuns cantam o Ponto: "A todos que olham, a todos que estão aqui... Muita atenção, hoje é dia de Amaci. Filhos de fé respeitai o pano branco, Babalaô preparou seu Banho Santo. Filhos de fé, respeitai Pemba e Congá. Dentro da Lei vem saudar seu Orixá."
Em seguida, cada Médium encosta sua cabeça na cabeça do Pai de Santo (ou Mãe de Santo) e faz a sua consagração para a Casa; como um ato de humildade e aceitação de sua nova função.
Por fim, a Corrente Mediúnica se reúne, canta seus Pontos e faz suas firmezas. Se todos estiverem em espaço aberto, em meio a Natureza, o Dirigente pode decidir fazer algumas ofertas e agrados para os Orixás.
Se o Amaci acontecer no Terreiro mesmo, em espaço fechado, pode ser realizado uma Festa de Saudação aos novos Médiuns e ao Santo Protetor daquele momento.
Enfim, o Amaci é sempre uma Celebração... Porque representa a renovação do Trabalho Mediúnico!

*cambonear ou cambonar - as duas formas escritas estão corretas e derivam de Cambono.

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sábado, 17 de novembro de 2012

Os Orixás e as Sete Linhas da Umbanda.


A função da Umbanda, desde o início, permitiu reunir num mesmo Culto os elementos do Candomblé, do Espiritismo, do Xamanismo, bem como, das Religiões Ocidentais e Orientais em geral, e essa sempre foi a intenção do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
A Umbanda surgiu modesta, realizando suas primeiras reuniões em um local pequeno e improvisado e, por isso, recebeu o nome de Tenda. A palavra "Tenda" foi utilizada como uma referência simbólica.
Quando Zélio de Morais viu seu trabalho expandir, também viu que foram surgindo outras Tendas... A Tenda do Senhor do Bonfim, a Tenda de Umbanda Santa Bárbara, a Tenda de Umbanda Cosme e Damião, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Conceição, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Glória, inaugurada juntamente com a Tenda Nossa Senhora dos Navegantes - porque dois de seus médiuns, já preparados, eram filhos de Iemanjá.
Iemanjá era um Orixá cujo culto até então, era praticamente desconhecido no Brasil. A seguir, veio a Tenda de Umbanda São Sebastião, a Tenda de Umbanda São Jorge, seguida da Tenda de Umbanda São Jerônimo. Completando, surgiram a Tenda de Umbanda Sant'Ana e, finalmente, a Tenda de Umbanda São Lázaro. Uma outra tenda nascida da Tenda Nossa Senhora da Piedade ganhou projeção no Rio de Janeiro. Essa tenda recebeu o nome de Tenda Mirim, fundada em 13 de outubro de 1924.
Essas foram as primeiras Tendas, então: Nosso Senhor do Bonfim, Santa Bárbara, Cosme e Damião, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes, São Sebastião, São Jorge, São Jerônimo, Sant'Ana, São Lázaro, Tenda Mirim...
Inquirido, por Ronaldo Linares, a respeito de todas as Tendas levarem o nome de Santos Católicos (na época o Catolicismo era a religião dominante), Zélio de Morais justificou dizendo que tinha formação católica e, que quando iniciara o Culto Umbandista, o fizera a pedido do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
No sincretismo, surgiram assim: OXALÁ, YANSÃ, IBEJI, OXUM, IEMANJÁ, OXÓSSI, OGUN, XANGÔ, NANÃ e OMULU.
Mas, por fim, permaneceram as Sete Linhas: OXALÁ, IEMANJÁ, OXÓSSI, OGUN, XANGÔ, OMULU e IBEJI.
IEMANJÁ, OXUM e YANSÃ foram agrupadas em uma úncia Linha por serem todas Mães e por terem seus nomes relacionados a Rios Africanos.
NANÃ e OMULU, bem como, OBALUAIÊ, também foram agrupados em outra Linha correspondente, devido a sua relação com a Vida e a Morte.
Assim, surgiram as "Sete Linhas" que são comandadas pelos Orixás. Aqueles que trabalham dentro de cada Linha são chamados de Falangeiros, Mensageiros ou Guias Espirituais. Ou seja, todo Falangeiro é um Mensageiro do Orixá e também é um Guia Espiritual do médium.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ileke ~ Fio de Contas ~ Colar de Contas ~ Colar do Guia


Ileke, Fio de Contas, Colar de Contas ou Colar do Guia é um dos símbolos utilizados como representação religiosa dentro da Comunidade Afrodescendente e Ameríndia., principalmente na Umbanda e no Candomblé.
O Colar de Contas (Ileke) ajuda o médium a "vibrar" na energia do Guia Espiritual, para atuar de maneira equilibrada durante o Trabalho Mediúnico.
A principal função do Colar de Contas é a de proteger o médium contra os ataques externos, para que a sua energia permaneça em equilíbrio no decorrer de todo o atendimento, bem como, fora dele...
Para tanto, o colar deve ser preparado adequadamente, desde a sua confecção até a sua utilização. O ideal é que o próprio Dirigente Espiritual confeccione o Ileke do médium, para fortalecê-lo...
Durante os trabalhos de Gira de Umbanda, os médiuns usam a roupa branca como uniforme e o colar representativo de seu Protetor ou de sua Linha de Atuação.
O médium também pode fazer uso do colar que representa as Sete Linhas da Umbanda. A sua utilização pode ser determinada pelo Templo para uniformizar a Corrente Mediúnica.
Na Umbanda cada Entidade possui seu Colar de Proteção, o qual utiliza durante o Atendimento Mediúnico para dar seu Axé ao Médium e ao assistido.
O Ileke ou Fio de Contas costuma receber as cores representativas de cada Linha intercaladas com a cor branca de Oxalá; com exceção da "Esquerda" (Exu e Pombagira).
Assim, teremos:
- Branco para Oxalá;
- Marrom e branco para Xangô;
- Vermelho e branco para Ogun;
- Verde e branco para Oxóssi;
- Azul claro e branco para as Mães d'Água;
- Lilás (rosa) e branco para Nanã;
- Preto e branco para Omulu e Obaluaiê;
- Colorida para Ibejis (sem sequência);
- Preto e vermelho para Exu e Pombagira.
Acrescentamos que o Colar de Contas confeccionado com miçangas de cristal transparente pode ser utilizado para Iemanjá... E também existe o Colar de Contas com Sete Cores para indicar as Sete Linhas da Umbanda.
Além de seguir a cor tradicional de cada Linha, a Entidade também pode acrescentar detalhes que representam a sua ligação com a Natureza. Por exemplo...
- as Entidades que trabalham na Linha das Matas, comandada por Oxóssi, gostam de enfeitar suas guias (colares de contas) com sementes diversas;
- as Entidades que trabalham na Linha das Águas, gostam de usar conchinhas, búzios ou sementes da planta "Lágrimas de Nossa Senhora" em seus colares;
- os Pretos-velhos costumam usar terços de materiais diversos, junto com o Fio de Contas tradicional;
- E assim por diante...
Lembramos que o Ileke ou Fio de Contas segue outros preceitos dentro do Candomblé. Ele obedece a cor de cada Nação referente ao Orixá que assumirá o seu comando. E além das cores, o Candomblé também indica a graduação no próprio colar, usando uma quantidade variada de fios ou um tamanho variado nas contas do Colar.
Ou seja, no Candomblé, o Ileke (Colar de Contas) funciona como uma formação adquirida, onde cada fio representa um degrau ou um ano de feitura. Ao final do processo de Feitura (desenvolvimento), o Fio de Contas totalizará sete fios, que equivalem a sete anos de procedimentos.
Também é preciso lembrar que cada colar deve obedecer a uma cor específica determinada por sua Nação de Axé... Para fechar o colar, acrescenta-se uma conta maior, a qual representa a firmeza do Orixá para o Filho de Santo. Por isso, ela é chamada de Firma.
No Candomblé, além do Ileke (Colar de Contas), existe o Brajá (Colar de Búzios). O Brajá é utilizado para indicar uma graduação específica, relacionada a Ifá. Além disso, existem os Colares Trançados (Chicote Imperial) e que representam os Cargos Elevados dentro da Nação.
Enfim, independente da Nação ou da Religião, muitas pessoas gostam de usar o Colar de Contas como um adereço de uso pessoal no dia a dia.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A missão da Umbanda e de cada umbandista.

Quando o Criador de Tudo permite a existência e a propagação de uma crença ou religião, Ele está avaliando o caráter do Ser Humano, permitindo a cada um agir livremente dentro de suas ideologias.
Cada Religião possui um propósito aqui na Terra. Por isso, não existe apenas uma Religião... Nós temos o livre-arbítrio e podemos escolher onde desenvolver e aprimorar nossos conhecimentos. Dessa forma, não importa onde a pessoa cumprirá a sua missão de vida, desde que a cumpra da melhor maneira possível!
Quando o Caboclo das Sete Encruzilhadas, se apresentou no dia 16 de novembro de 1908, ele proferiu a seguinte ordem: "Todas as Entidades serão ouvidas! Nós aprenderemos com aqueles que souberem mais e ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum nós viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai. O verdadeiro umbandista vive para a Umbanda e não da Umbanda!"
Ao realizar essa afirmação, o Caboclo das Sete Encruzilhadas firmou o propósito de que a missão da prática umbandista é a de levar atendimento a todo os encarnados e desencarnados, sem distinção. Por isso, a Umbanda cresceu tanto e se proliferou... Porque aceita a todos como iguais.
Infelizmente, muitos umbandistas estão esquecendo o que é a Umbanda e qual o propósito de sua existência... Estão discutindo se a Umbanda é dessa ou daquela Nação, entre outras tantas discussões! A Umbanda nunca quis convencer ninguém de suas verdades. A Umbanda jamais afirmou que era melhor ou maior que outras crenças. A Umbanda nunca desmereceu qualquer Religião!
Quando Zélio Fernandino de Morais abriu o conhecimento espiritualista aos demais, foi para reunir todas as pessoas de todas as Etnias em um mesmo lugar. Na época, os Centros Espíritas tinham preconceito com outras Entidades e o Candomblé não se abria às Entidades de outras Nações. 
O Plano Espiritual estava sobrecarregado de espíritos querendo trabalhar... Então, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, junto ao seu médium Zélio de Morais, propôs que todos se unissem para acabar com o preconceito, eliminar a intolerância e impedir a discriminação.
Entretanto, o que vemos hoje em dia (depois de um século), é exatamente o oposto do que eles pediram... Nós realmente precisamos refletir... Está mais do que na hora de entendermos o que é a verdadeira Umbanda!
Ser umbandista é ser amoroso, acolhedor e compreensivo... E tudo que foge disso, deixa de ser Umbanda!

sábado, 10 de novembro de 2012

Vovó Francisca da Guiné

A Curandeira do Kilombo!

Ela nasceu próximo a Buba, na Guiné-Bissau da África, um território sob o domínio português, no século XVIII. Foi trazida ao Brasil junto com sua família, ainda criança. No Porto do Rio de Janeiro, foi vendida com  sua mãe e os quatro irmãos para uma fazenda ao norte da região de Goiás.
Ela estava assustada, não entendia nada do que estava acontecendo. Quando chegaram à Fazenda, seus irmãos foram separados e enviados às diferentes áreas para trabalhar na lavoura. Ela e a mãe ficaram na propriedade principal, para trabalhar na casa dos patrões.
Quando chegou à Sede da Fazenda, seus olhos se fixaram em uma imagem sobre o portal da casa. Perguntou para a mãe quem era aquele homem, mas ela não sabia. A imagem era de São Francisco de Assis, pois esse era o nome da Fazenda. Ela achou a imagem parecida com um dos Deuses Africanos e isso aliviou seu coração.
Com o tempo ela e a mãe estavam adaptadas a rotina da fazenda. Uma vez por mês podiam ver os irmãos pois, apesar de ser uma época de escravidão, a esposa do Senhorio da fazenda era uma pessoa boa que tratava os escravos com dignidade. Ela mantinha uma escola na fazenda e ensinava todas as crianças a ler e a escrever.
Francisca, como passou a ser chamada, por gostar tanto da imagem do santo, tornou-se uma moça prendada que fazia com prazer todos os serviços da casa. Ela assumiu a faxina e a cozinha e passou a cuidar dos sinhozinhos que nasciam.
Tempos depois ela casou-se com um escravo da fazenda de nome Tomás. Eles tiveram 3 filhos e viviam em uma de vila de casas da fazenda. Seus irmãos também haviam se casado e moravam na mesma vila.
O século XIX estava iniciando e, apesar da escravidão, tinham uma vida calma na Fazenda São Francisco. Mas, essa tranquilidade não durou para sempre, pois haviam muitas disputas entre Abolicionistas e Escravocratas.
O proprietário da fazenda faleceu e sua esposa, que estava idosa, não conseguiu evitar um ataque. Seus filhos e netos reuniram pessoas para lutar, mas muitos perderam a vida nessa disputa. Alguns negros assutados fugiram para os Kilombos.
Francisca não queria abandonar a patroa que havia lhe tratado tão bem. Sua mãe já havia falecido e dois de seus irmãos morreram na luta. A própria patroa lhe aconselhou a fugir para o Kilombo.
Reunindo os demais negros, ela e Tomás fugiram... Pois os outros fazendeiros não descansariam enquanto não acabassem com a vila da fazenda.
Francisca deixou a fazenda com seu esposo e outros negros e foram em direção ao Kilombo das Matas, no extremo norte de Goiás. Enquanto eles fugiam passaram por muitos perigos, mas conseguiram chegar ao Kilombo.
A partir desse momento uma nova vida iniciou para eles. Francisca começou a conhecer melhor a história da escravidão no Brasil, através dos negros fugidos que chegavam ao Kilombo. Também iniciou uma nova etapa de sua jornada terrena.
Ela começou, juntamente com seu esposo, a se dedicar a todos que precisassem de atendimento, oração e auxílio. Aos poucos foi benzendo e curando as crianças e idosos, depois todos começaram a pedir sua ajuda...
O tempo passou e Francisca tornou-se conhecida como Vó Francisca. Seu esposo Tomás havia falecido e seus filhos já estavam adultos e casados.
No Kilombo todos ouviram falar de uma Lei que libertaria os escravos, mas ainda não sabiam se era verdade. Francisca morreu sem saber que a Lei Áurea havia sido assinada. Ela descansou ao lado do esposo, no cemitério do Kilombo*.

*Kilombo ou Quilombo são aceitos ortograficamente; inclusive, a forma Ochilombo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eu descobri que sou médium, mas não sei o que fazer...

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A maioria das pessoas, ao descobrir que possui mediunidade sente receio e, até um certo temor, de assumir que são médiuns.
O medo e o preconceito gerados pela intolerância religiosa de muitos, devido a falta de compreensão e de estudo, transformam os Templos de Umbanda em locais de ataque de baixo escalão.
Muitos acham-se no direito de julgar, agredir e condenar aquilo que desconhecem... Por conta disso, alguns médiuns, quando descobrem que possuem missão na Seara Umbandista, sentem-se coagidos e deixam de professar a sua fé e a sua crença, abandonado totalmente a sua missão de vida!
As pessoas que agridem os outros, por conta de sua Religião, são pessoas que desconhecem as Leis que regem todas as coisas. Pois, se de fato participamos de uma Crença, devemos saber que somente Deus pode julgar a fé do outro.
Que direito temos nós, de intervir na fé de cada um? Quem somos nós, para nos acharmos no direito de julgar e condenar? Como podemos pensar que somos melhores, porque somos desta ou daquela Religião?
Precisamos entender que a Religião é apenas um caminho, que ajudará a pessoa no cumprimento de sua missão. E existem muitos caminhos! Mas, o objetivo final é sempre o mesmo...
Por isso, quando nascemos com mediunidade, somos imbuídos de um forte desejo de compreender o Mundo que nos cerca, além da razão e da emoção. Então, recebemos por missão o compromisso de orientar outras pessoas, em uma direção que pareça mais equilibrada.
Para tanto e para isso, desde cedo somos direcionados nesse propósito e jamais, em nenhum momento, estaremos sozinhos. Sempre, desde o primeiro respiro e até o último suspiro, estaremos acompanhados de nossos Guias-Mentores, pois é para isso que viemos à esse Mundo.
Alguns de nós terão missão na Umbanda, outros na Kimbanda, outros no Candomblé, outros no Espiritismo, outros na Apometria, outros no Xamanismo... Enfim, o que importa é cumprir nossa missão e respeitar os Protetores, porque sem Eles não somos ninguém!
E acima de tudo, para evitar erros e confusões, devemos conhecer aquilo que professamos. Conhecer quer dizer: "experimentar", "sentir" ou "vivenciar", para compreender profundamente o assunto!
Portanto, se somos médiuns, significa que somos mediadores e, por isso temos o compromisso de "mediar" toda e qualquer situação. Ou seja, devemos intervir para pacificar, orientar e direcionar... Pois, o verdadeiro médium é sempre um mediador!

domingo, 28 de outubro de 2012

A Morada das Almas.

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Escrevo essa postagem em homenagem ao Dia dos Finados, porque todos nós um dia estaremos na Morada Eterna. Nesse ponto, somos iguais, nem melhores, nem piores, todos nascemos, todos morremos. E para onde vamos depois?
Quando o espírito não possui débitos pesados e não é empurrado ao Umbral pelas Leis de Ação e Reação, ele viaja para um local de seleção e triagem... Esse local, mais parece uma estação de trem, com um monte gente entrando e saindo. 
Sempre acompanhado de seu Orientador Espiritual, o espírito é levado à sua Colônia de origem... Para tanto, deverá entrar em um dos vagões estacionados na estação. Existem vagões para crianças, vagões para idosos, vagões para casais que morreram juntos e tantos outros vagões diversos. 
Enquanto você entra e senta, uma pessoa dá as explicações necessárias para a compreensão da viagem. Então, eles servem um caldo quente energizante, para tirar os medos e fobias de cada espírito, por saber que está morto... E depois acomodam em sono letárgico aqueles mais apavorados.
Durante a viagem é possível visualizar a Terra, as nuvens no céu e várias Colônias Espirituais. O "trem-aéreo" vai passando de Colônia em Colônia e deixando os passageiros, que reencontram amigos e parentes nas estações.
Depois, alguns são encaminhados ao Hospital Espiritual da Colônia; outros seguem para um repouso salutar com suas famílias espirituais; e muitos são direcionados para uma conversa com seus Mentores.
Nessa viagem, quem fica por último é o mais privilegiado, pois visita todas as Colônias anteriores e conhece um pouco mais do trabalho espiritual dos falangeiros.
Em todo o trajeto até as Colônias é possível ver, além das paisagens, muitos espíritos envolvidos por muita luz... Eles são os trabalhadores espirituais que já evoluíram e não incorporam mais.
Eles, apenas, mandam luz para a Terra, para os seus entes queridos e para a realização dos trabalhos mediúnicos. É isso o que Eles fazem o tempo todo: mandam luz! Luz de cura e luz de amor... Uma luz pura, branquinha, quentinha e envolvente.
Essa é uma das funções do Reino de Aruanda: iluminar as almas para que elas não se percam do seu caminho.... Além de servir de morada para todos aqueles que possuem missão espiritual, Aruanda também 

sábado, 27 de outubro de 2012

Pombagira do Oriente

Uma Gueixa de muitas histórias!

Liu Siu, nasceu em um vilarejo remoto do litoral chinês. Seus pais eram pescadores e passavam por privações. Nessa época, o país estava recrutando moças para tornarem-se gueixas e servirem aos homens da aristocracia, recepcionando os embaixadores e oficiais de outros países.
Os pais de Liu Siu acharam que estavam fazendo o melhor pela filha ao dá-la para o governo em troca de provisões para a casa. Os meninos ajudariam o pai na pescaria e ela teria uma boa educação.
Assim, com apenas 8 anos de idade, Liu Siu foi levada para uma Escola de Gueixas. Muitas meninas eram recrutadas para esse mesmo propósito e ao chegar a Xangai, Siu viu centenas delas pelas ruas.
Chegaram a uma pensão-escola, onde as meninas eram selecionadas e separadas em pavilhões de acordo com a idade e aparência. Liu não era uma das moças mais bonitas da comunidade, mas possuía algo raro: o mar nos olhos.
Na China, crianças que nascessem com olhos claros eram considerados descendentes dos turcos ou dos mongóis, portanto, eram de uma classe de guerreiros. Liu Siu não sabia, mas seus avós eram mongóis.
As meninas realizavam serviços diversos e afazeres diários e, em troca, elas obtinham educação, comida e roupas. Para uma criança de 8 anos o serviço era puxado, mas as regras eram rígidas: se não fazia, não comia. E se desobedecesse: apanhava...
Siu apanhou muitas vezes, não porque desobedeceu, mas porque seu corpo era franzino e ela não conseguia dar conta dos serviços. Então, em algumas vezes ela não recebia comida e em outras não podia dormir. Mas, de qualquer forma, ela cresceu...
Os dias se arrastaram, até que ela completou 15 anos. Liu Siu tornou-se uma moça muita bonita, que começou a atrair olhares cobiçosos e de inveja. No entanto, ela ainda achava que era uma moça feia.
Um dia Liu Siu foi mandada ao mercado e por ela passou uma baronesa que já havia sido gueixa. Perguntou onde ela morava e Siu muito timidamente contou. A baronesa seguiu com ela até a pensão e pagou por sua liberdade. Siu pensou que sua vida seria diferente a partir desse momento.
Ela foi levada a um palácio onde lhe banharam, lhe assearam e lhe vestiram. Depois a baronesa conversou com ela e lhe falou que lhe ensinaria a se comportar como uma lady. Durante 6 meses Siu foi preparada e tornou-se uma moça prendada.
Então, chegou o dia que a vestiram com as melhores roupas e lhe passaram os melhores perfumes. Quando ela estava pronta, foi levada ao aposento real. Siu descobriu seu destino: ela seria a concubina do imperador!
Siu nunca questionou sua vida, sempre seguiu em frente, mas ela sonhava com o amor e com uma vida diferente. Apesar de ser uma moça tímida, ela observava tudo o que acontecia em seu país e não concordava com as maldades que os chineses impunham aos menos favorecidos das nações vizinhas. Seus antepassados falavam com ela e seu sentimento de guerreira começou a aflorar.
Durante um ano ela foi o que havia sido preparada para ser: a concubina do imperador. Mas, aos poucos, começou a ter aulas de inglês, de esgrima e de artes marciais. O imperador achava que era um capricho de uma moça pobre que queria ser rica. Mas dentro de Siu brotava um sentimento de liberdade...
Quando Siu completou 18 anos ela era uma excelente esgrimista e lutadora. Ela conseguiu permissão do imperador e começou a passear pelos arredores do palácio, sempre acompanhada por alguns serviçais.
Aos poucos ela percebeu que muitos jovens se reuniam às escondidas, tramando destronar o imperador e conquistar a liberdade para os escravos da monarquia.
Um dia, ela conseguiu ir a uma dessas reuniões. Saiu do palácio na calada da noite e entrou sem ser reconhecida. Viu o líder: um jovem forte e belo, que falava do direito de todas as pessoas de terem sua vida e sua liberdade.
Siu apaixonou-se naquele momento. Nem sabia o que era isso, mas sabia que seguiria aquele jovem onde quer que ele fosse. Ele era um ninja guerreiro preparado pelos monges tibetanos, que sabiam da intenção do imperador em tomar o Tibet.
A partir daquele dia Siu começou a frequentar as reuniões, sem saber que com isso colocava sua vida e a do jovem em risco.
Aos poucos, começaram a perceber sua ausência no palácio e um dia a seguiram. Então, na reunião seguinte, cercaram o local e renderam a todos.
O imperador aproximou-se de Siu e agradeceu a ela. O jovem pensou que ela fosse uma espiã e a olhou com ódio. Nessa hora, Siu reuniu toda a sua coragem e colocou-se ao lado do rapaz.
Disse que preferia morrer livre a ter que ver seu povo continuar a sofrer. A lei da China é dura com relação a traidores e Siu conheceu o preço que pagaria por sua traição.  O imperador mandou prender a todos, mas pediu tratamento especial a Siu e ao jovem.
Durante dias os dois foram torturados de muitas formas e depois foram levados à praça pública para a execução. Na frente de toda a população, os dois jovens estavam quase nus, sem cabelos e muito feridos.
Dois algozes seguravam sua espada para decapitar os jovens. Siu havia descoberto o nome do rapaz: era Chao Pen.
Enquanto esperava, ela lembrou de sua infância na praia, de sua adolescência roubada e de seus dias de princesa. Também lembrou do fogo da paixão que sentiu ao conhecer o anseio da liberdade.
Olhou para o lado, para o jovem ajoelhado que seria morto como ela. Eles serviriam de exemplo a todos! Quando a espada desceu, Siu deixou uma lágrima escorrer.
Ela estava com 19 anos. Ela nada viveu e ela tudo viveu! Uma vida breve, cheia de aventuras. Mas, estava feliz, pois seria um exemplo a ser seguido.
A história da moça pobre que virou concubina do imperador e que lutou pela liberdade dos tibetanos e dos pescadores, correu a China...
Ela tornou-se um exemplo e muitas moças decidiram que seriam guerreiras como Liu Siu, para lutar pelo seu povo, contra a opressão de um imperador.
Assim, a China iniciava uma nova história! E Siu iniciou uma nova jornada espiritual...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A evolução do Senhor Exu Sete Porteiras...


Muitos umbandistas esquecem que o espírito é eterno e que nós somos imortais... A maioria dos médiuns pensa que a Entidade permanecerá pra sempre do mesmo jeito que incorporou a primeira vez. No entanto, se houver um trabalho efetivo e verdadeiro, tanto o médium, quanto o Guia Mensageiro, encontrarão o caminho da evolução. Dito isso, sigo para a história que me foi transmitida...

Essa é uma história longa, por isso demorei para publicar essa postagem. Ela será dividida em partes, para uma melhor compreensão.

Primeira Parte
A trajetória de Carvão/Café...
Em 1768 um navio aportou no Rio de Janeiro trazendo mais uma encomenda de escravos para o comércio. Dentre eles encontrava-se um jovem de pele bem escura e dentes muito brancos. Ficava o tempo todo calado, com os punhos cerrados e aguardando uma oportunidade para fugir.
Por isso, quando ele desembarcou, seus pés e mãos estavam bem acorrentados, tinha a boca amordaçada e uma coleira de ferro prendia seu pescoço. Olhava a todos com muito ódio e era possível sentir sua raiva cada vez que um homem branco o tocava. Durante a viagem recebeu o apelido de carvão, por ser muito negro.
Ele foi comprado por um fazendeiro, produtor de cana-de-açúcar, café e algodão. Esse senhor possuía fazendas no interior dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. "Carvão" foi levado para a fazenda do interior de São Paulo, onde mudaram seu apelido para "Café"... A cultura do café estava começando a proliferar no Brasil.
Com o tempo, Café já era um líder entre os demais negros da senzala e tramava uma rebelião. Os capatazes ficavam sempre de olho em suas atitudes, porque sabiam de sua força de persuasão junto aos demais escravos.
Café conseguiu realizar sua primeira fuga, com mais dez negros, doze dias depois de estar na fazenda. Mesmo sem falar o português, conseguiu se fazer entender em sua língua nativa através de sinais. Eles conseguiram ficar dois dias escondidos nas matas, mas foram capturados, pois ainda não conheciam perfeitamente a região.
Dois negros foram para o tronco, por liderarem a fuga: Café e outro, chamado Juventino. Permaneceram 48 horas amarrados, sem água ou comida, mas a revolta deles os manteve firmes.
Dessa vez Café mudou sua estratégia, decidiu se aproximar de todos: brancos e negros, aprender seus costumes, ganhar a confiança e esperar uma nova oportunidade. Passou, então, um ano... Todos haviam esquecido a fuga e pensaram que Café  havia se acostumado à nova vida. Porém, um dia, ele conseguiu capturar todos os capatazes e abriu todas as senzalas. Mais de duzentos negros empreenderam fuga!
Eles se deslocaram para os Quilombos de Parateca e Pau d'Arco, onde iniciaram uma nova vida. Durante anos os negros fugidos foram procurados, mas a região era de difícil acesso e isso permitiu a criação de vários Quilombos.
Café tornou-se um Líder em seu Quilombo e com o tempo decidiu libertar outros negros de outras fazendas. Então, a cada seis meses, ele empreendia uma jornada, passando por várias fazendas e facilitando a fuga de muitos escravos.
Com o tempo, muitos senhores feudais e capatazes começaram a se armar e preparar uma emboscada para aniquilar o escravo que estava provocando tudo isso. Em um dia, dez anos depois de sua chegada ao Brasil, Café foi traído por um dos escravos e capturado.
Enquanto era levado para o tronco, conseguiu roubar um punhal de um dos algozes e feriu mortalmente o capataz. Os demais jagunços atiraram contra ele, que morreu ali mesmo. Aqui termina uma parte de sua história e ele me permitiu contar toda ela, então...

Segunda parte
Uma nova chance.
Pela revolta que carregava e pela forma como morreu, Café caiu no Umbral. Seu corpo sentiu o impacto das rochas cortantes e escorregou para dentro de uma poça de lama. Alguns espíritos o cercaram e o chamaram de assassino. Mas ele revidou e disse: "Eu sou um mártir! Salvei muitos negros!" E os espíritos responderam: "Isso não exime a sua culpa, pois você falhou no mandamento que diz: Não Matarás!"
Café havia ouvido falar dos mandamentos, da Bíblia, do Deus dos Católicos, pois na época do Quilombo eles foram visitados por alguns profetas do sertão e por alguns freis, que pregavam o perdão e o amor ao próximo. Café ficou quinze anos no Umbral, porque não conseguia perdoar o homem branco e nem esquecer o que passou em seu pouco tempo de escravidão.
Um dia, cansado de tanto sofrer, ele lembrou da história de um Beato negro, que estava para ser santificado. O nome dele era Benedito e diziam que ele era muito bom e fiel a Deus. Então, Café começou a rezar em sua língua nativa, chamou por Oxalá e pediu se aquele "Santo Negro" podia tirá-lo dali. De repente, uma luz o envolveu e ele acordou em outro lugar... Parecia que estava em uma espécie de Quilombo, só que maior, mais limpo e mais brilhante.
Um senhor negro de olhos cor de mel o observava e sorria. E lhe perguntou: "Então, meu filho, acordou?" A pergunta tinha duas conotações. Quem conversava com ele era "Pai Benedito de Aruanda" e lhe perguntou: "Sua revolta passou, meu filho? Está pronto para saber a verdade, trabalhar e evoluir?" Café respondeu que sim com a cabeça. E Pai Benedito lhe disse: "Então, por hora, descanse."
Após uma semana, Café já estava melhor e começou a andar pelo local. Percebeu um jardim de rosas próximas dali e ficou encantado. Foi até o roseiral e começou a cavocar a terra, mexer nas roseiras e brincar com as borboletas e pássaros. Todas as manhãs, ele se levantava, se asseava, bebia seu caldo quente energizante e ia até o roseiral. Assim, passou dois anos.
Um dia, Pai Benedito lhe disse: "Agora você precisa evoluir. Me acompanhe."Café acompanhou o velho que começou a andar para fora do local. Então, ao observar melhor, percebeu uma cidade, com muitas construções, diversos bosques e outras vilas. Café nem sabia que era assim fora daquele Vilarejo. Então, Pai Benedito lhe disse: "Essa é Aruanda, meu filho, é a morada de todos aqueles que querem trabalhar e evoluir."

Terceira parte
Exu Sete Porteiras inicia seu trabalho.
Café acompanhou Pai Benedito e chegou a um local enorme, cheio de construções, com pessoas entrando e saindo. Eles se dirigiram a uma sala, que possuía na porta uma placa, onde estava escrito: Orientador.
Entraram, sentaram-se em frente a um senhor que parecia uma mistura de médico e índio. Ele se apresentou: "Muito prazer, aqui sou conhecido por Caboclo Cobra Coral, ou simplesmente, Dr. Luiz. Depois lhe contarei minha história. Mas, nesse momento, você precisa recordar sua trajetória na Terra e escolher seu trabalho."
Dr. Luiz apontou uma parede branca na sala onde apareceram imagens de um tempo distante... "Nas Terras do Egito, um Faraó aniquilava todos os que se opusessem a ele. Ele era cruel e déspota. A tela se fechou e abriu-se novamente. Depois disso ele teve duas encarnações como líder de Tribos Africanas, onde praticou boas ações. E a terceira onde foi levado ao Brasil e vendido como escravo."
Quando as telas se fecharam, Dr. Luiz lhe perguntou: "Entendeu por que tudo isso lhe aconteceu?" Diante da afirmativa de Café, Dr. Luiz continuou: "Temos uma missão para você. Gostaríamos que você iniciasse sua jornada evolutiva como espírito mesmo, em solo brasileiro, trabalhando para o surgimento de uma nova religião. Como você ainda possui uma dívida de morte na sua última encarnação, gostaríamos que você trabalhasse como guardião ou, como dizem na África: Exu.
Você protegerá todas as pessoas que trabalham na religião dos seus ancestrais e atenderá onde mais for solicitado. Você será um Exu Sete Porteiras, pois poderá ir a qualquer lugar. Como Exu você terá a Lei da Dualidade. Mas, use-a com sabedoria, porque uma nova queda impedirá seu retorno para essa Colônia. Entendido?" Café confirmou e abaixou a cabeça. Iniciou, assim, uma nova etapa em sua vida espiritual.

Quarta parte
E a missão continua...
O Senhor Exu Sete Porteiras trabalhou durante cem anos como guardião de muitos,  de todas as raças e credos. Conseguiu cumprir sua missão com dignidade, lembrando-se sempre do que havia assistido sobre suas vidas anteriores.
Um dia, foi designado para defender um Terreiro de Umbanda, a nova religião do Brasil. Ao chegar ao local, deparou-se com o capataz que ele tirou a vida como escravo... Sentiu um nó na garganta, pois agora ele trabalhava como Chefe do Terreiro e, "Café" como Exu, deveria servi-lo.
Mas, ele queria evoluir e aproximando-se do médium pediu perdão e caiu de joelhos. Sentiu que o médium lhe dizia em pensamento: "Já está perdoado!" E assim, O Senhor Exu Sete Porteiras o serviu até o final de sua vida terrena.
Quando o médium desencarnou, eles se encontraram em Aruanda e se abraçaram. Eles se reconheceram de todas as vidas: no Egito, na África, no Brasil... Sempre disputando poder e liderança. Mas, dessa vez haviam superado tudo isso.
Os dois foram chamados à sala do Orientador e ele lhes falou: "Dessa vez tenho outra missão para vocês. Um de vocês reencarnará e prosseguirá com a missão de médium e Chefe de Terreiro, o outro permanecerá um tempo estagiando e estudando aqui na Colônia. Vocês dois serão instruídos por um tempo e depois se separarão. Aquele que ficar aqui será o Guia Espiritual e o outro será o médium."

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Jurema: o Reino dos Encantados!


A palavra "Jurema" deriva do tronco linguístico tupi-guarani e significa: espinho suculento ou espinho cheiroso.
A Jurema é uma Árvore Nativa do Brasil, cheia de espinhos e com cheiro forte. Da Árvore da Jurema é feita uma bebida especial, usada nos Rituais Religiosos pelos Indígenas.
Para entender melhor essa representação e o seu verdadeiro significado, temos que conhecer a Cultura Indígena... Para os índios, toda Árvore é Sagrada, porque nela habitam os Espíritos da Floresta.
A árvore da Jurema é a morada de Espíritos Especiais, que ofertaram ao Povo Indígena o Poder da Cura e da Sabedoria. Por isso, para os descendentes dos índios, a Jurema é um lugar Sagrado.
Quando o "homem branco" invadiu a Floresta dos índios, e começou a derrubar todas as Árvores Sagradas, os Espíritos da Natureza tiveram que se mudar... Eles deixaram de existir nesse Plano e foram morar no "Mundo dos Deuses".
Para o Povo Indígena existe uma "Terra Sem Males", impossível de ser contaminada pelos homens, corrompidos por sua ganância em busca de riquezas sem fim...
A Jurema é, agora, um lugar especial, longe da ação destrutiva dos Seres Humanos. No Reino Encantado da Jurema, os animais, as plantas e os Ancestrais Indígenas estão protegidos dos "Espíritos Maus".
Portanto, a própria Jurema "encantou-se" e tornou-se o lar permanente de todos os seres que sofreram com a destruição da Natureza. Nesse local sagrado eles, ainda, podem existir!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Pai Francisco do Caminho e Vovó Catarina do Congo

O casal mais formoso do Sertão Nordestino.

Pai Francisco nasceu numa fazenda do Maranhão... Ele era casado com Vovó Catarina, uma negra bonita que veio do Congo, na África.
Eles tiveram nove filhos, três foram mortos pela escravidão, dois mortos no parto e os outros vendidos pelo Mundo...
Era ainda o século XIX e a escravidão judiava negros e índios. Só os "brancos" (europeus) tinham vez.
Vó Catarina era assim chamada, porque ajudou a trazer ao mundo muitas crianças...
Pai Francisco, como era conhecido, gostava de fazer suas rezas, seus benzimentos e suas orações. Assim, auxiliava a todos que precisavam de sua ajuda na Senzala.
Ele trabalhava na lavoura de cana-de-açúcar e também plantava iguarias para tempero. Vó Catarina ajudava nos afazeres da fazenda e cuidava dos sinhozinhos.
Apesar da tristeza da perda dos filhos, os dois eram felizes juntos.
Juntos, eles sempre socorriam os escravos das chibatadas e dos maus tratos. Davam guarida, apoio e alimento.
Vó Catarina adoeceu muito depois que a escravidão levou seu último filho. Por mais que se esforçasse, a dor foi tomando conta e ela morreu de tristeza.
Pai Francisco já não era tão jovem e, quando saiu a Lei Áurea, ele ficou sozinho e sem lugar para morar. Então, começou a peregrinar pelo sertão nordestino...
Carregava consigo somente uma matula de carne seca com farofa, uma moringa com água e um cobertor.
Enquanto caminhava, cobria sua cabeça com um pano e um chapéu... E fumava seu pito. Às vezes, costumava cantarolar canções da Senzala pelo caminho.
Ele viveu mais vinte anos andando pelos caminhos do sertão. E com o tempo ficou conhecido como o "Velho do Caminho".
As pessoas lhe davam pouso, água e comida e em troca ele curava os enfermos do local.
Quando faleceu, estava descansando embaixo de uma árvore e ouviu Vó Catarina o chamando... Então, seu tempo na Terra havia acabado.

Negro Man in Cotton Field William Aiken Walker

domingo, 7 de outubro de 2012

Pai Jacó do Cruzeiro

O Coveiro dos Escravos.

O nego Jacó viveu muitos anos e viu muitas coisas nessa terra de Deus. Nasceu em 1768 numa das tribos de Angola e foi trazido para o Brasil ainda moleque. Foi comercializado no mercado de escravos de Salvador, mas foi comprado por um senhor feudal de Minas Gerais.
Demorou para aprender a língua dos homens brancos, pois ficava o tempo todo calado. Ele era de origem banto e falava o kimbundo. No começo acharam que ele era mudo, até que o amor de uma negra, que havia perdido seu filho, o adotou... Ela o acolheu e o ensinou sobre as coisas da escravidão e da vida em terra de gente branca.
Ele demorou para entender e aceitar tanta barbaridade. Ficava calado, apenas observando e fazendo o que lhe mandavam. Sempre que alguém morria por causa dos mau tratos, ele ia até o corpo, rezava em sua língua nativa, passava ervas cheirosas no corpo do falecido e depois pedia ao capataz para sepultá-lo.
No começo, estranharam esse seu gesto... No entanto, com o tempo, começaram a lhe pedir para fazer isso, cada vez que alguém morria. Os próprios capatazes poupavam seu serviço de enterrar os mortos, deixando esse trabalho por conta de Jacó.
Esse nome (Jacó), ele recebeu porque ficava calado olhando para o alto, para o céu, para as estrelas, como o Jacó da Bíblia ao avistar a escada sagrada. Seus pais haviam lhe dado o nome de Ngala (que significa Alegria em sua língua nativa), pois ele era uma criança alegre, antes de ser escravizado. Porém, agora, ele não sentia muita alegria.
E assim Jacó viveu toda a sua vida de escravidão: sepultando os mortos. Nunca se casou, nunca se envolveu com ninguém. Ofereceu sua vida a cuidar dos outros. Também nunca foi para o tronco, pois nunca desafiou uma ordem sequer. Viveu calado, sempre observando...
Quando assinaram a Lei Áurea para  a libertação dos escravos, Pai Jacó estava com 120 anos e ainda vivia. Era cuidado por um casal de amigos da senzala. Estava quase cego e surdo, não falava, só gesticulava.
Assim que recebeu sua carta de alforria, pegou um punhado de ervas, se lavou, vestiu sua roupa mais limpa e se deitou. Colocou a carta embaixo do travesseiro e fechou os olhos, dando seu último suspiro. Nego Jacó estava livre, afinal, e podia partir...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

São Benedito

O "Santo Mouro".

"São Benedito é um Santo Padroeiro.
Venceu Demanda...
E acabou com o Cativeiro!
Segura a Umbanda Meu Pai,
Segura a Umbanda Meu Pai...
Segura a Umbanda, o Cativeiro acabou!"

São Benedito nasceu em 31 de março no ano de 1524, numa pequena Região da Ilha de Sicília, na Itália... Ele faleceu em 4 de abril de 1589, na Capital da Ilha.
A História de São Benedito é considerada uma História de Luta e de Superação... Pois, como todos os demais Santos, ele também enfrentou muitas provações. Mas, as suas lutas eram diferentes, porque precisava provar a todo momento que merecia estar entre os demais.
Os pais de São Benedito eram escravos nascidos na Etiópia. Eles evitavam ter mais filhos, pois os mesmos também poderiam ser escravizados. Sabendo disso, o Dono da Fazenda prometeu libertar o próximo filho que eles tivessem... E assim ocorreu com "Benedito".
Desde cedo "Benedito" pastoreava as ovelhas com seu pai e ajudava sua mãe nos afazeres domésticos. Quando jovem, resolveu acompanhar um grupo de Freis Franciscanos em peregrinação. Cinco anos depois, "Benedito" juntou-se a Ordem dos Freis Capuchinhos do Convento de Santa Maria, como um irmão leigo.
Ficou um tempo no Convento de Sant'Ana di Giuliana, em torno de 4 anos, retornando em seguida para o mesmo Convento de Santa Maria, onde permaneceu até a sua morte, aos 65 anos. No começo, "Benedito" era apenas o Cozinheiro do Convento, mas depois, adquiriu outras funções e ocupou outros cargos, até tornar-se o Superior do Mosteiro.
Durante a sua Vida Monástica, "Benedito" foi um exemplo de dedicação, zelo e caridade. Sempre alegre e bem disposto, ajudava a todos sem reclamar... Ele também realizou inúmeros milagres em vida, tais como: multiplicar os pães para os pobres e curar inúmeros doentes.
Além disso, as pessoas ainda contavam que "Benedito" era visto constantemente em Oração, segurando o Menino Jesus nos braços, e com Nossa Senhora ao seu lado. Outro fato sobre São Benedito é que seu corpo é considerado incorrupto, pois está preservado, onde é guardado por uma urna de cristal na Igreja de Santa Maria.
Apesar de ter sido Canonizado em 24 de maio de 1807, a sua data festiva é em 05 de outubro. A data ocorre um dia após a data de São Francisco de Assis, de quem São Benedito era devoto e seguidor. Coincidentemente, São Francisco é considerado o Santo Ecologista, porque ele foi um dos Primeiros Ambientalistas do Mundo; e seu sincretismo relaciona-se a Irokô (a Árvore Sagrada).
São Benedito sincretiza com Ossanha (Ossãe, Ossain), o Senhor das Folhas Sagradas, junto as Religiões Afro-ameríndias. Na Umbanda, São Benedito é homenageado de muitas formas, mas não comanda nenhuma Linha específica... Entretanto, seu nome aparece com destaque em muitos Falangeiros.
Como por exemplo: Vô Benedito do Congo, Pai Benedito do Roseiral, Baiano "Bendito", Cangaceiro Zé Benedito, Boiadeiro Benedito dos Santos, Vaqueiro "Bendito" das Rosas, Ibeji Beneditinho, Cigano Benedito Mouro, etc.
Enfim, existem muitas Comunidades, Igrejas e Capelas que veneram o nome de São Benedito pelo Brasil afora, com muitas Festividades Especiais em datas específicas.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Caboclo Cobra Amarela

Um "Índio Pantaneiro".

Esse índio nasceu na margem esquerda do Rio Paraguai, onde hoje se localiza a cidade de Cáceres, no estado de Mato Grosso. Ele era um índio forte e destemido da tribo dos Paiaguás.
Seu nome indígena era Membira M'Boi (Filho do Deus Serpente), pois ele conseguia ficar submerso na água por longos minutos. Escondia-se nos arbustos e folhagens sem ser visto e atacava sorrateiramente, como uma cobra. Adorava brincar com todas as cobras da região, principalmente com a "Cobra Amarela" (Bothriechis Schlegelii).
Os Paiaguás uniam-se aos índios Guaicurus nas batalhas contra os invasores, alcançando a vitória nas lutas. Eles entendiam de montaria e estratégias de guerra, por isso, eram exímios guerreiros.
Manejavam o arco e a flecha com destreza. Eram hábeis navegadores, sabiam mergulhar e, praticamente, viviam sobre as águas. Eles tornaram-se conhecidos como "índios canoeiros". Eram nômades, deslocavam-se com rapidez e possuíam muitas aldeias, com rota de fuga dentro da floresta.
Sua tribo possuía um código de honra que os impedia de recuar em uma batalha. Por isso, junto aos Guaicurus, lutaram contra os portugueses, oferecendo grande resistência à povoação do Pantanal mato-grossense. O Mato Grosso foi povoado por terra, através da Rota Madeira Guaporé, porque pela água, os índios ainda dominavam...
Somente em 1791, um Tratado de Paz conseguiu apaziguá-los e declará-los súditos da Coroa Portuguesa. Então, chamou-se "Guaicuru" todos os Indígenas do Pantanal que compartilhavam a mesma língua nativa.
Membira M'Boi morreu lutando por sua terra e por sua gente, no começo do século XVIII. Soldados fortemente armados devastaram a maior parte das Aldeias "Paiaguá", em busca de ouro e pedras preciosas.
Assim, ele concluiu sua jornada terrena e iniciou sua nova jornada espiritual.  Ele relata que também já viveu na Austrália e na Europa Central, em vidas anteriores... Segundo esse Caboclo, sua maior aprendizagem ocorreu no Brasil, onde aprendeu a respeitar a Natureza e a Vida.
Hoje, ao trabalhar na Umbanda, Membira M'Boi atende pelo nome de Caboclo Cobra Amarela. Ele trabalha para as Mães d'Água e para Oxumaré.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Iberê

O Curumim da Umbanda.

Iberê nasceu no alto do Rio Araguaia, na Tribo dos Tapirapé. Ele era um indiozinho alegre e destemido, sempre correndo de um lado a outro.
Sua aldeia estava sempre em pé de guerra com seus vizinhos da Tribo Karajá. O Cacique, pai de Iberê, tentava apaziguar a situação, mas eles eram constantemente atacados e saqueados.
Quando Iberê contava com 6 anos de idade, sua Tribo sofreu um ataque surpresa dos Karajá. Os homens se empenharam no combate... Mas, as mulheres e as crianças foram sequestrados.
Iberê foi levado com sua mãe para a Tribo do inimigo e obrigado a conviver com eles. A intenção deles era a de expandir sua tribo e fortalecer a sua raça.
No entanto, Iberê não aceitou sua nova situação. Por isso, ele combinou com outros indiozinhos uma fuga para retornar à sua aldeia. Ele pretendia buscar ajuda, mas foi surpreendido em seu intento.
Mesmo assim, ele conseguiu fugir dos seus captores e se embrenhou na Mata Atlântica. Iberê tentou por dias localizar sua aldeia... Mas, depois de muito procurar, percebeu que andava em círculos. Então, decidiu voltar onde estava...
Ele chegou cambaleante e doente de volta à tribo de seus raptores. O chefe dos Karajá reconheceu que o menino era um índio forte e merecia ser bem tratado.
O pajé procurou salvá-lo, mas a doença tomou conta de seu corpo infantil. Em poucos dias Iberê morreu, deixando sua mãe e seus amigos tristes.
Seu nome nunca mais foi esquecido, pois diziam: "Morreu um pequeno grande guerreiro!"
Os Tapirapé reconstruíram suas aldeias em outras localizações. Uma parte da tribo rumou para a Ilha do Bananal e a outra para a Serra do Urubu Branco. Alguns, ainda, foram em direção à Mata Amazônica e se misturaram às outras tribos.
Os Karajá miscigenaram sua raça com as mulheres e as crianças Tapirapé. Inclusive, os Kayapó invadiram as aldeias dos Tapirapé.
Enfim, uma das maiores raças indígenas do solo brasileiro, sofreu muitas perdas após vários ataques, reduzindo drasticamente a sua população.
Mesmo com tantos acontecimentos, a história de Iberê permaneceu e se espalhou... O povo indígena falava de um menino que morreu, porque tentou salvar sua tribo.

Florzinha

A Cosminha das Matas.

"Flor" nasceu na tribo dos Guajiras no final do século XVII, na península que hoje recebe esse nome, na atual Venezuela.
Ela adorava correr atrás de borboletas e colher flores na mata, enquanto seus pais trabalhavam na pesca, no pastoreio e na agricultura.
Flor era uma menina alegre, que gostava de presentear a todos com flores coloridas, para deixá-los felizes.
Então, alguns lhe chamavam "Asii Jintulu" em sua língua nativa, que significa "Menina Flor" ou "Florzinha".
Florzinha ou Menina Flor, viveu somente até os oito anos... Em uma de suas correrias atrás de flores e borboletas, a menina caiu e se machucou nos espinhos de um cipó venenoso.
As feridas infeccionaram e a menina adoeceu... Seus pais não conseguiram curá-la com os recursos da época.
Antes de morrer, a menina disse a todos: "Não se preocupem, eu estou bem. Para onde eu vou têm muitas flores!" E ela se foi, para a tristeza de todos.
Pouco tempo depois, no local onde ela foi enterrada cresceram muitas margaridas, de várias cores. Margarida é a flor mais abundante da região.
Quando alguém estava triste, sentia-se o perfume de flores no ar... E todos diziam: "Asii Jintulu", "Asii Jintulu"... Era a Menina Florzinha alegrando a todos novamente!

Caboclinha do Vento

A Encantada do Ar!

Eu demorei muito para entender o nome dessa entidade, pois sempre que recebo as histórias me concentro, ouço calmamente, faço um rascunho e depois passo a limpo. Normalmente os nomes já são de entidades bastante cultuadas e conhecidas. No caso dessa caboclinha, eu primeiro vi sua imagem e fiquei "encantado" com sua beleza; depois ouvi sua história... A Caboclinha do Ar ou Caboclinha do Vento ou Encantada do Ar, como também é conhecida, encantou-se após morrer, ou seja, seu corpo se transfigurou... Hoje ela vive no Ar, na Luz Astral ou no Mundo Espiritual, auxiliando a todos que necessitam. Trabalha na Linha de Yansã e de nosso amado Pai Oxalá, transmitindo muita serenidade em seus atendimentos. Como ela viveu sua última vida ou quantas vidas viveu é difícil saber, pois sua origem é desconhecida.
A única coisa que ela me permitiu contar, foi que nasceu no Brasil Colônia de pais europeus. Porém, foi criada nas matas por amas indígenas de uma tribo do Pará, pois perdeu-se de seus pais. Chamavam-na de "Raio de Luz", por ser uma menina branquinha como um dia de sol. As outras tribos comentavam sobre uma índia branca que eles viam passeando nas matas. Ela viveu o quanto lhe foi permitido viver e abandonou essa vida muito jovem. Não casou, não teve filhos, não morreu, apenas se encantou e desapareceu... O Cacique dizia: "A menina cumpriu sua estada nessa terra e partiu."

Caboclinha Ceci

Uma Curuminzinha da Amazônia

Essa é a história de uma Indizianha Encantada, que após sua morte costumava visitar sua Tribo e curar as crianças doentes...

Ceci nasceu na Tribo dos Aruaque, no meio da Floresta Amazônica. Ela havia completado 6 anos na época. Era uma indiazinha feliz, que passava os dias brincando com os animais pacíficos da floresta, como os saguis, tatus, porquinhos e outros.
Quando a floresta foi invadida em busca dos seringais, sua Tribo tentou lutar contra a invasão mas, por fim, mudou-se, para evitar atritos com o homem branco. Devido a mudança, os índios enfrentaram dificuldades para encontrar um novo local e se readaptar... A floresta era extensa e tinha seus perigos.
Ceci e os demais índios estavam tristes por deixarem para trás muitas coisas. No caminho para a nova Aldeia, Ceci se distraiu com os bichos e não percebeu a aproximação de uma cobra venenosa. Ela foi socorrida e fizeram todo o possível para salvá-la, mas o veneno espalhou-se rapidamente. Depois de horas ardendo em febre, Ceci desencarnou, para tristeza de seus pais.
A mudança não levou apenas suas Ocas, mas a vida de Ceci. Tempos depois, sempre que uma criança ficava doente na Tribo alguém via Ceci correndo ao redor da criança. E "milagrosamente" no dia seguinte, a criança amanhecia curada.
Ceci tornou-se um Espírito Encantado, que vive nas Matas curando bichos e gente... Ela "encantou-se", quer dizer, ela se tornou uma Entidade Protetora da Natureza.

*Muitos Erês, assim como os Caboclos, os Preto-velhos e as demais Entidades possuem suas histórias de vida. Alguns desses Erês "encantaram-se", como aconteceu com muitas Entidades conhecidas da Encantaria e da Umbanda.

Tiãozinho

O Pequeno Cavaleiro!

Sebastião nasceu na fazenda Boa Esperança, em Minas Gerais, no final do século XVIII. Seus pais eram crioulos que já nasceram escravos.
Tiãozinho, como era conhecido, desde cedo ajudava na lida com o gado e com os cavalos. Era um serviço que ele tinha prazer em realizar.
Tião só não gostava de ver os maus tratos, então, sempre que podia evitava expor os animais ao sofrimento. Se ele era castigado por conta disso, não se importava, contanto que pudesse livrar os animais das chibatadas.
Tião estava com dez anos quando uma remessa de cavalos puro sangue chegou à fazenda. Um dos cavalos estava arredio e não aceitava a aproximação de ninguém. O adestrador espancava o animal, mas de nada adiantava.
Quanto mais ele batia, mais o animal se rebelava. Tião sentia a dor do animal. Então, enquanto todos dormiam, reuniu os cavalos e saiu em fuga com eles. O capataz ao ouvir o tropel dos cavalos, reuniu os jagunços e saiu em perseguição.
Pensaram tratar-se de roubo e saíram atirando nos fujões. Atiraram contra Tião e atingiram-no em cheio nas costas. Ele ainda conseguiu abrir a porteira para que os cavalos fugissem, mas morreu ali mesmo.
Seus pais nem puderam lamentar o ocorrido, pois foram castigados por conta dele e vendidos para outra fazenda.
Com o passar dos anos, sempre que um animal era maltratado na fazenda, alguém ouvia um assovio e o animal saía em disparada, pulando cercas e sumindo no meio das matas.
Então, a lenda cresceu e diziam que um menino negro montado em um cavalo atiçava os animais para que eles fugissem. E muitos diziam: "É o Tiãozinho!"

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Salve Cosme, Damião e Doum!


Na Umbanda Sagrada, uma das Festas mais festejadas é a "Festa de São Cosme e São Damião". Os Santos que foram canonizados como protetores das Crianças, eram gêmeos e trabalhavam como Médicos dos menos favorecidos... Eles salvaram muitas crianças nas Aldeias por onde passaram!
A sua família era composta de sete irmãos (com dois partos de gêmeos e um parto de trigêmeos): Cosme, Damião, Crispim, Crispiniano, Talabe, Alabá e Doum. Crispim e Crispiniano também foram canonizados como santos.
Os "Cosminhos" (como são mais conhecidos) trabalham em todas as Linhas e todo médium possui seu arquétipo infantil. Eles apresentam-se com os nomes no diminutivo, o qual representa a Linha para a qual trabalham...
Por exemplo: Estrelinha e Gabrielzinho (Linha de Oxalá); Mariazinha e Aninha (Linha das Águas); Joãozinho e Pedrinho (Linha de Xangô); Jorginho e Miguelzinho (Linha de Ogun); e assim por diante...
Como os Erês são Orixás, isso significa que eles nasceram da união de um Orixá Masculino com um Orixá Feminino. Em algumas Lendas, Erê nasceu da união de Xangô com Yansã. Em outras Lendas, Erê nasceu da união de Xangô com Oxum.
Erê também representa um Orixá Gêmeo, assim como "Cosme e Damião". O irmãozinho menor, nascido depois é chamado de Doum. Por isso, costuma-se falar: "é de Dois-Dois ou é de Doum?", referindo-se ao fato de que o Ibeji que "baixou" pode ser gêmeo de alguém ou não...
Os Erês ou Ibejis possuem funções bem distintas do Candomblé para a Umbanda. Enquanto no Candomblé o Erê assume o médium durante o resguardo, na Umbanda o Erê aparece de vez em quando para purificá-lo e energizá-lo.
Mas, nem todo espírito infantil desencarnado vira Erê... A criança se torna um Ibeji quando já cumpriu sua missão na Terra e desencarnou "precocemente". Então, pode assumir essa nova missão espiritualmente.
Por isso já dizia Jesus: "Deixai vir a mim todas as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus."
Pra finalizar, vale lembrar que São Cosme e São Damião possuem duas datas comemorativas: 26 e 27 de setembro. Isso ocorre por causa das duas Igrejas: do Ocidente e do Oriente.
Para saudar os Cosminhos podemos dizer Omi IbejadaIbejeró! ou Omi Beijada! Salve os Erês! ou Salve Cosme, Damião e Doum!

Inauê

Uma Erê Encantada.

Muitos Erês possuem suas histórias de vida para compartilhar, assim como qualquer Entidade.
Eles permanecem com a aparência de um Erê (Espírito Infantil) porque todos morreram na infância, em mais de uma vida.
Infelizmente, a grande parte desses Erês (Ibejis) tiveram mortes trágicas, devido a ganância do homem, na sua ânsia por conquistas.
Alguns Erês "encantaram-se" como muitas Entidades conhecidas na Umbanda e em outras Nações.
Um Encantado é um ser que se transfigurou e transmutou sua energia. Ele cumpriu sua missão de vida e mudou de plano.
Essa é a história de uma Cosminha Encantada. Ela trabalha sob as ordens de todas as Mamães.
Inauê é uma junção de dois nomes: Iná e Uê. Iná quer dizer: Mãe Pura. Uê é uma saudação do Povo Indígena.
Inauê viveu sua última vida terrena no século XVII, em meio aos índios da Tribo dos Karib, os Caraíbas. Atualmente, a sua etnia está extinta.
Na época em que Inauê vivia com seu povo, os Espanhóis estavam colonizando a América Central.
A sua Tribo ainda se mantinha preservada devido a localização das ilhas em que habitavam.
Inauê tinha uma vida normal, como qualquer indiazinha dentro de uma ilha cercada de todo os tipos de água.
Sua terra possuía uma natureza exuberante e muita água! Água do mar, água dos rios, água dos lagos e açudes.
Com tanta água, era natural que Inauê vivesse dentro da água a maior parte do tempo!
Como todo povo indígena, os Karibs também tinham suas histórias que viraram lendas.
Para os Karibs, quando uma pessoa desaparecia é porque ela havia sido transportada para o céu.
Inauê gostava dessas histórias e ficava olhando pro céu em noite estrelada, imaginando que cada estrela era um "Ser" muito especial!
Um dia, Inauê também desapareceu... Seus pais perceberam que a menina entrou na água e não voltou mais.
Então, procuraram por dias e não conseguiram encontrá-la... Com o tempo, perceberam que ela não voltaria mais.
Se passaram muitas luas e o povo se conformou com o desaparecimento da menina.
No entanto, um dia, alguns índios avistaram Inauê sentada nas pedras na beira d'água.
Eles perceberam que Inauê estava diferente... Ela havia se tornado um "Ser das Águas"!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Toninho e Tininha

Os irmãozinhos travessos!

Toninho nasceu no dia 13 de junho de 1873, em Vicenza, no norte da Itália e, por isso, foi chamado Antônio. Sua irmã Catarina, nasceu um e meio depois, em 25 de novembro, no dia de Santa Catarina de Alexandria e, por isso, foi chamada Catarina.
Os pais dos dois trabalhavam como agricultores e também cultivavam flores e frutos da estação. Como eram católicos fervorosos, sempre presenteavam flores e frutos à Igreja, nas festas comemorativas. Os produtos eram vendidos nas feiras da região. Os dois irmãos eram muito unidos e desde cedo gostavam de ajudar os pais, pois assim podiam ver as pessoas na feira e passear.
A situação econômica de toda a Itália começou a se  deteriorar nessa época e o norte foi a primeira área a ser atingida. A industrialização foi implantada, deixando os agricultores sem renda e sem mercado para colocar seus produtos.
Por causa disso, do norte da Itália saíram as famílias rumo ao sul do Brasil, para recomeçar a vida em terra nova. Foi assim, que as famílias de Vicenza chegaram no Rio Grande do Sul. Toninho e Tininha, estavam com 9 e 7 anos na época e nunca haviam viajado... Eles estavam adorando vivenciar tudo aquilo!
Quando chegaram em solo brasileiro, seus pais imediatamente conseguiram emprego em fazendas próximas de Porto Alegre e se estabeleceram. O clima era parecido e haviam pessoas conhecidas por perto, então, a família "Vicenzo" não se sentiu só.
A região gaúcha onde a fazenda estava instalada era banhada por muitos rios, córregos e cachoeiras; possuía uma vinícola e muitas plantações diversas. Toninho e Tininha se divertiam muito passeando pelas plantações e brincando na cachoeira.
Um dia porém, durante um passeio a cavalo, uma cobra cruzou o caminho deles. O cavalo assustou-se e saiu em disparada, derrubando as duas crianças. Anoiteceu e as crianças não voltavam e os pais preocuparam-se. Todos os trabalhadores da fazenda ajudaram na busca, pois começou a chover fortemente.
Quando conseguiram encontrar as crianças, o dia já estava amanhecendo e os dois ardiam em febre. Eles haviam caído do cavalo e se ferido gravemente. O fazendeiro usou todos os seus recursos para auxiliar a família. Um médico veio da capital, mas de nada adiantou. Os dois faleceram dois dias depois de pneumonia.
O pais ficaram inconsoláveis de tristeza. Então, numa noite eles sonharam com as crianças que diziam: "Mamãe, papai, não se preocupem, estamos bem e vamos ajudar a proteger outras crianças. E vocês não ficarão sozinhos, logo terão outros filhos."
Quando os dois acordaram, constataram que tiveram o mesmo sonho. Um ano depois, a mãe deu à luz gêmeos e por causa de um sonho que teve, deu o nome às crianças de "Cosme e Damião".

Pedrinho e Zezinho

Dois Cosminhos e uma história.

Pedro e José, nasceram em Niterói, Rio de Janeiro, em 1898. Eles possuíam alguns meses de diferença de idade e José era o mais velho. Eram filhos de pais imigrantes que estavam ajudando a construir o Rio de Janeiro da época.
Os pais moravam na mesma vila e os meninos cresceram juntos, unidos como irmãos. Enquanto os pais trabalhavam no cais do porto, no embarque e desembarque de mercadorias, Pedro e José passavam o dia empinando pipa, jogando bolinha de gude e brincando com barquinhos no canal.
As mães faziam pães e bolos para vender e podiam trabalhar sossegadas, pois os meninos eram de boa índole e jamais se metiam em confusão.
Todos os dias, na hora do almoço, os meninos iam ao cais levar o almoço para os pais. Era o ano de 1908 e eles estavam com dez anos.
Em uma das visitas ao cais, Pedrinho e Zezinho se distraíram observando as embarcações e não perceberam um acidente em andamento.
Um contêiner carregado de carga explosiva despencou e explodiu, arrasando o quarteirão ao seu redor. Os meninos estavam próximos e foram atingidos pela explosão...
Eles não resistiram aos ferimentos e morreram no mesmo local. As famílias sentiram muito a perda dos amigos, pois eles alegravam a comunidade onde moravam.
No mesmo ano em que os meninos morreram, a Umbanda iniciava sua história na mesma região. Assim, como muitos espíritos, que antes não podiam se apresentar em Centros Espíritas para trabalhar, as crianças puderam se manifestar nos terreiros e alegrar a todos os presentes.
Segundo o Kardecismo, um espírito readquire sua aparência de adulto após o desencarne. A Umbanda respeita a individualidade de cada espírito, que procura manter a aparência que melhor lhe cabe após o desencarne.
As crianças da Umbanda são espíritos puros que mantêm sua aparência infantil para alegrar e atender os socorridos.

sábado, 22 de setembro de 2012

Joãozinho

O Ibeji mais serelepe da Umbanda!

Joãozinho é um menino que viveu mais de uma encarnação como garoto negro no Brasil das Senzalas. Muitas vezes, ele parece o Negrinho do Pastoreio, em outras, ele é o próprio Saci Pererê!
Ele é esperto, cheio de lábia, tem resposta pra tudo e não pensa duas vezes para perguntar alguma coisa. Como todo bom Cosminho, ele gosta de doces, refrigerante e brincadeiras, mas está sempre pronto para atender e socorrer a quem necessita...
Ele jamais deixa alguém sem resposta a um pedido. E se ele falar alguma coisa de forma séria, pode esperar que a coisa é mesmo séria! Pois ele brinca, mas não engana!
O Joãozinho dessa história, nasceu no estado do Ceará de mãe Africana. Ele chegou no ventre de sua mãe em um navio negreiro, no ano de 1670.
Demorou para entender o que era ser escravo e vivia "aprontando das suas": escondendo objetos, correndo pela fazenda e cutucando os bichos.
Apanhava muito por conta disso, mas não deixava de rir e de fazer das suas. Dizia que assim, ele podia alegrar os outros escravos!
E realmente, era assim que ele passava os dias: alegrando e brincando com os demais.
Um dia, porém, em uma de suas traquinagens, ele escondeu o laço do capataz e foi o suficiente para ir pro tronco.
Todos os negros pediram por ele, pois falaram que ele não fazia por maldade; mas não adiantou... Joãozinho anoiteceu e amanheceu no tronco. Ele tinha 6 anos na época.
Quando tiraram ele do tronco estava triste e nunca mais sorriu. A partir daí começou a definhar e a morrer aos poucos.
Quando ele desencarnou foi um luto só na fazenda! Até os animais sentiram... A terra secou, os bichos se aquietaram e ninguém mais sorriu.
O dono da fazenda pediu ao capataz o que aconteceu e, quando soube, arrependeu-se... Mas, Joãozinho não voltaria mais. Sua mãe de tristeza também se deixou morrer.
Tempos depois, os escravos começaram a contar que viam mãe e filho a andar pelas terras... E sempre que alguma coisa sumia, alguém dizia: "Foi o Joãozinho!"
Então, eles colocavam um doce para o menino e o objeto reaparecia. E assim Joãozinho ficou conhecido como o Pererezinho da Senzala!

Aninha

A Cosminha da Paz!

As Aninhas são Erês que trabalham para apaziguar os ambientes onde atuam. Por isso, toda Aninha pode ser chamada de "Cosminha da Paz"!
Além de proteger, elas promovem o equilíbrio emocional e a tranquilidade. Por isso, a pessoa que trabalha com uma "Aninha" não consegue brigar por qualquer coisa... Porque a energia de cura desta Cosminha envolve e acalma a situação.
A Aninha que narra essa historinha, nasceu no estado do Maranhão de pai mulato e mãe indígena, no final do século XIX.
Seu pai trabalhava no mangue, encontrando caranguejos e ela adorava acompanhá-lo! Sua mãe era tecelã e Aninha também sabia tecer juntamente com sua mãe.
Aos oito anos era uma menina alegre e meiga, que compartilhava com os outros tudo o que possuía.
Um dia, ao sair de casa para acompanhar seu pai, sentiu-se mal, mas não se queixou...
Passou o dia no mangue com seu pai, sem reclamar... Porém, quando voltou para casa, estava febril e começou a ter convulsões.
Os recursos médicos eram escassos na época, principalmente para pessoas pobres, e seus pais não conseguiram encontrar auxílio.
Aninha faleceu pela madrugada, sem que seus pais soubessem o que lhe acometeu.
Na verdade, Aninha morreu em decorrência de meningite, uma doença que ainda não era controlada no começo do século XX.
Hoje, além de trabalhar na Umbanda protegendo crianças doentes, Aninha acompanha crianças que se sentem solitárias, passando-lhes uma energia de conforto espiritual em situações adversas.
Salve todas as Aninhas: do Brejo, das Almas, do Açude, do Mangue, da Cachoeira, das Matas, das Pedreiras e tantas outras...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Cosminho Théo

Para contar a história de Théo vamos relatar, primeiramente, o significado de seu nome. Théo é um nome de origem grega, que significa "Deus" (Theus).
Esse nome representa: amor, fé, esperança, dom, dádiva, benção, misericórdia, etc.  Portanto, Théo é um Cosminho que atua na vibração de Oxalá.
Como já disse Zélio de Morais, a Umbanda possui três pilares principais que a sustentam: Os Caboclos, os Pretos-velhos e os Erês (ou Ibejis).
Cada um dos pilares pode "vibrar", ou seja, atuar dentro de cada uma das Sete Linhas da Umbanda.
As Sete Linhas representam as sete principais características, ou qualidades individuais, que todo ser carrega consigo para evoluir...
Eles estão interligados aos sete dons do Espírito Santo, pois emanam os propósitos divinos da Criação.
A história de Théo pode ser narrada em poucas palavras. Basta dizer que ele morreu no século II, durante uma perseguição do Exército Romano aos Cristãos Convertidos.
Sua mãe era uma Princesa de uma das Tribos da Judeia. Quando o seu Reino foi atacado, todos foram mortos: degolados, decapitados, enforcados ou trespassados.
Théo morreu abraçado a sua mãe, trespassado pela espada de um Capitão da Guarda.
Em suas manifestações ele assume a aparência dessa vida em especial, para representar a dor de todas as crianças mortas em nome da fé.